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Chapolin do cerrado

Comer bem, sem querer querendo

Juliana Deodoro | Edição 113, Fevereiro 2016

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Munido de um facão e vestido de branco como um açougueiro, Agostinho Dias Pedroso limpava um porco sobre uma mesa grande. Ainda era hora do almoço, mas o dono do restaurante mais famoso da pacata Bom Jardim, em Mato Grosso, cidade a 150 quilômetros de Cuiabá, já aceitava reservas para o jantar. “Hoje vai ter peixe”, anunciou, confundindo os clientes recém-chegados.

À noite lá estava ele de novo, só que dessa vez vestindo macacão vermelho e short amarelo, com um par de antenas preso à cabeça e um coração com as iniciais CH estampadas no peito. Fantasiado de Chapolin Colorado, o personagem criado pelo ator mexicano Roberto Bolaños, o moreno baixinho, de 53 anos, zanzava de um lado para o outro empurrando um carrinho de madeira onde jaziam três pacus assados, generosamente recheados com farofa de banana. “Isso, isso, isso”, repetia, em resposta às mais variadas perguntas e comentários. Os comensais, entre uma garfada e outra, tiravam fotos do anfitrião. E pareciam não se dar conta de que o bordão não pertencia ao Chapolin, mas ao Chaves, outro personagem de Bolaños.

ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2016

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