Hélio Oiticica
Dez anotações sobre Hélio Oiticica
Hélio Oiticica, dirigido por César Oiticica Filho, exibido no Festival do Rio,
(1) é um filme-exaltação a serviço do seu personagem–título;
(2) tem forma de almanaque, reunindo imagens e sons em profusão;
, dirigido por César Oiticica Filho, exibido no Festival do Rio,
(1) é um filme-exaltação a serviço do seu personagem–título;
(2) tem forma de almanaque, reunindo imagens e sons em profusão;
(3) não atenta para o fato do caleidoscópio ser aparelho ótico feito para ser visto apenas por alguns instantes. Os fragmentos de vidro, ou planos, sendo por definição pequenos, ou curtos, causam tonteira quando observados por noventa e quatro minutos;
(4) aprisiona seu personagem–título na forma bidimensional do cinema, incapaz de dar conta da sua obra que rompeu com os limites da pintura e escultura;
(5) contradiz a obra do seu personagem–título ao projetar imagens e reproduzir sons para espectadores passivos, imóveis em suas cadeiras, impedidos de interagirem fisicamente com o que estão vendo e ouvindo;
(6) transforma o artista de vanguarda em narrador convencional que relata sua trajetória de forma linear, como sucessão cronológica de eventos;
(7) apropria-se de uma das 66 cenas da América, de Jorgen Leth – o plano de Andy Warhol comendo um hamburger – de maneira indébita. Ao usar um fragmento da cena original, cuja duração é de 4’28”, falseia seu significado;
(8) revela, mais uma vez, que criadores nem sempre tem muito a dizer de interessante sobre sua própria obra;
(9) começa bem, com uma formiga indo contracorrente.
(10) não menciona o incêndio que destruiu parte do acervo do personagem-título, em outubro de 2009. Não poderia haver nada melhor para sublinhar o caráter efêmero da obra de arte, ao qual ele mesmo faz referência.
Leia Mais
Assine nossa newsletter
Email inválido!
Toda sexta-feira enviaremos uma seleção de conteúdos em destaque na piauí