Cinemateca Brasileira, ainda há tempo
Nos últimos três meses, as más notícias de janeiro foram confirmadas. A partir da exoneração extemporânea do diretor Carlos Magalhães, seguida da demissão de dezenas de trabalhadores, a crise fabricada pela ação desastrada do Secretário do Audiovisual, está levando a Cinemateca Brasileira à parilisia, tolhendo seu dinamismo e inviabilizando sua produtividade.
Nos últimos três meses, as más notícias de janeiro foram confirmadas. A partir da exoneração extemporânea do diretor Carlos Magalhães, seguida da demissão de dezenas de trabalhadores, a crise fabricada pela ação desastrada do Secretário do Audiovisual, está levando a Cinemateca Brasileira à parilisia, tolhendo seu dinamismo e inviabilizando sua produtividade.
Mas ainda há tempo para salvar a instituição, ministra Marta Suplicy.
Basta um gesto que livre sua gestão à frente do ministério da Cultura de ações movidas por vinganças mesquinhas e intrigas saudosistas. Leia o apelo de Antonio Candido, Lygia Fagundes Telles e, até o momento, mais de 70 cineastas e escritores feito no “Manifesto pela Cinemateca Brasileira”. Além do futuro do cinema brasileiro, é seu legado político, ministra, que está em jogo.
*
Manifesto pela Cinemateca Brasileira
A Cinemateca Brasileira, fundada há mais de 60 anos por intelectuais e amantes do cinema, passou ao Governo Federal em 1984. Desde então vem desenvolvendo de forma regular sua vocação de preservar a memória audiovisual, tendo atingido um nível de excelência reconhecido em âmbito nacional e internacional.
Ao longo do tempo, a sua precariedade institucional foi compensada pelo apoio decisivo da SAC – Sociedade Amigos da Cinemateca, criada em 1962, configurando uma parceria público-privado, que se tornou uma das marcas valiosas de seu sucesso.
Nos últimos meses, a Cinemateca vem enfrentando dificuldades que colocam em risco sua missão institucional. A interrupção dos projetos apoiados pela Sociedade Amigos da Cinemateca acarretou a dispensa de mais de 50 trabalhadores, alguns deles com vínculos muito antigos com a Cinemateca. Essa mão de obra, treinada por mais de 20 anos é indispensável para a instituição, não pode ser simplesmente descartada, sob pena de não ser jamais reposta.
Em vista da urgência da situação, vimos apelar à Ministra da Cultura Marta Suplicy para que, independentemente de reformulações que venha a promover na instituição, determine o fim da intervenção da Secretaria do Audiovisual na Cinemateca Brasileira e restabeleça os canais de entendimento com a SAC, visando a retomada imediata dos trabalhos regulares, o reaproveitamento dos quadros qualificados e, em última instância, a preservação da própria integridade da memória audiovisual brasileira.
Antonio Candido, Lygia Fagundes Telles, Affonso Beato, Arrigo Barnabé, Benjamim Taubkin, Betty Faria, Bob Stam, Bruno Barreto, Eduardo Escorel, Fernando Moraes, Francisco Ramalho Jr., Hector Babenco, Jean-Claude Bernardet, Jorge Bodansky, Jorge Peregrino, José de Abreu, José Roberto Aguillar, José Roberto Torero, Lauro Escorel, Luiz Carlos Barreto, Mariza Leão, Maureen Bissiliat, Moacir Amâncio, Moacyr Goes, Pedro Farkas, Sara Silveira, Sergio Muniz, Sergio Rezende, Sergio Santeiro, Suzana Amaral, Walter Lima Junior, Yael Steiner, Zulmira Ribeiro Tavares.
Alain Fresnot, Ana Maria Magalhães, André Klotzel, Aurélio Michiles, Beto Brant, Cao Hamburger, Carlos Riccelli, Claudio Kahns, Dodô Brandão, Eliana Fonseca, Eunice Gutman, Fernando Meirelles, Guilherme de A. Prado, Gustavo Rosa de Moura, Gustavo Steinberg, Helena Solberg, Ícaro Martins, Isa Albuquerque, João Daniel Tikhomiroff, João Jardim, Jorge Alfredo, Jorge Duran, José Carone Júnior, José Joffily, Kiko Goifman, Lucia Murat, Mallu Moraes, Marcelo Machado, Matias Mariani, Maurice Capovilla, Mauro Farias, Miguel Faria Jr., Mirela Martinelli, Oswaldo Caldeira, Paulo Morelli, Philippe Barcinsky, Ricardo Dias, Ricardo Pinto e Silva, Roberto Gervitz, Rodolfo Nanni, Rossana Foglia, Sergio Roizemblit, Silvio Da-Rin, Tadeu Jungle, Tata Amaral, Tereza Trautman, Tete Moraes.
Para assinar, clique aqui
*
Lygia Fagundes Telles termina um texto, escrito em fevereiro, dizendo que “hoje, depois de tanta luta, aí está essa bela Cinemateca Brasileira! Vamos lutar, sim, para que mesmo após a morte dos seus bravos fundadores, ela prossiga viva, cumprindo o seu glorioso destino: o de ser o único museu vivo de Cinema Nacional.”
E então, ministra Marta Suplicy? Os bravos fundadores já se foram. Agora a senhora quer ser responsável pela morte da própria Cinemateca?
Leia Mais
Assine nossa newsletter
Email inválido!
Toda sexta-feira enviaremos uma seleção de conteúdos em destaque na piauí