Desenho de Huguito Chávez quando jovem
O desenho infantil reproduzido nesta página ganhou na escola uma nota máxima (20 sobre 20) com felicitações da professora para o aluno Huguito, de 6 anos de idade. Ao lado do desenho, o orgulhoso pai da talentosa criança não resistiu a comentá-lo, como se o menino pudesse entender plenamente seu vocabulário e suas obsessões de adulto.
O desenho infantil reproduzido nesta página ganhou na escola uma nota máxima (20 sobre 20) com felicitações da professora para o aluno Huguito, de 6 anos de idade. Ao lado do desenho, o orgulhoso pai da talentosa criança não resistiu a comentá-lo, como se o menino pudesse entender plenamente seu vocabulário e suas obsessões de adulto.
Trata-se, de fato, de um desenho louvável para um menino dessa idade, já alfabetizado, pois os cavalos são identificados como “cavalos” e os burros como “tolos”. Um helicóptero sobrevoa a cena sob um sol entre nuvens, mas é difícil entender o sentido do desenho antes de saber quem é o jovem venezuelano autor do desenho – e de quem é filho.
Huguito (Hugo Rafael), nascido em 1985, é o único herdeiro homem do presidente venezuelano Hugo Chávez. Naquele remoto mês de abril de 1991, seu pai era ainda apenas um tenente-coronel ambicioso que, menos de um ano mais tarde, tentaria derrubar o governo democraticamente eleito de seu país por meio de um golpe militar. O golpe de estado não deu certo, Chávez foi preso durante dois anos, mas a tentativa deu-lhe fama suficiente para vencer as eleições de 1998 e estabelecer um regime populista forte, que resultou numa ditadura de fato até sua morte, quinze anos depois, em 2013.
A exaltada mensagem escrita pelo pai em letra de forma, evoca os valores patrióticos que procura inculcar no filho e refere-se à composição e às figuras criadas pelo menino. Evoca também um tal “último homem a cavalo”, que vem a ser o revolucionário venezuelano Pedro Perez Delgado, de quem Chávez cresceu ouvindo que era seu trisavô. O texto, algo alucinado, diz: – “‘Cavalaria lenta e ampla’. Essa é a tua cavalaria, Hugo Rafael, a do centauro, que levas nas tuas veias, no tutano dos teus ossos. Horizonte verde coroado pelas nuvens azuis da tua esperança. E a cavalaria aérea que adivinhas necessária para vencer as barreiras que deixou pendentes teu tataravô ‘o último homem a cavalo’ e, pairando sobre tudo isso, o rei da eternidade. Brilhante. Ascendente. Como tua vida, como teus sonhos, filho meu. Por isso, te digo como tua professora de primeiro grau: felicitações. E 20 pontos te dou também junto ao meu alvoroço eterno por ser teu pai. Hugo Chávez Frías”.
Huguito cresceu, mas decepcionou o pai. Gostava de futebol e não ligava para o beisebol, paixão de seu pai. Bon-vivant, só fez aproveitar as benesses bolivarianas e envergonhar um pai que nada parecia envergonhar. Deve ter vendido esse desenho a algum admirador de Chávez, e a peça acabou ano passado num leilão na Inglaterra. Foi comprada pelo atual detentor, um colecionador interessado em manuscritos que refletem o desvario de quem os escreve.
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