O papagaio brasileiro de Truman Capote
Aos 11 anos de idade, quando já surpreendia sua professora primária no Alabama com a qualidade de suas redações. Tão impressionada ficou sua professora que conservou por toda a vida muitas das primeiras composições do jovem Capote, entre as quais o pequeno conto de três páginas aqui reproduzido, intitulado "Nosso papagaio tem orgulho de seu vocabulário".
Truman Capote tornou-se, nos anos 1960, talvez o romancista mais famoso dos Estados Unidos, após publicar ,em 1958, Bonequinha de luxo, e, em 1966, A sangue frio, dois dos livros mais comentados da década. Teve também intensa vida social, deu festas famosas, conquistou a amizade e confiança de muitas celebridades e recolheu as confidências de todas as milionárias elegantes mais notórias de seu tempo. Pouco antes de morrer, na década de 1980, tornou-se um pária na alta sociedade americana que o havia adorado, por ter publicado muitas inconfidências apenas veladas, num livro que nem sequer é de seus melhores.
Mas nada disso lhe passava pela cabeça aos 11 anos de idade, quando já surpreendia sua professora primária no Alabama com a qualidade de suas redações. Tão impressionada ficou sua professora que conservou por toda a vida muitas das primeiras composições do jovem Capote, entre as quais o pequeno conto de três páginas aqui reproduzido, intitulado “Nosso papagaio tem orgulho de seu vocabulário”.
O menino Capote conta uma historinha ainda infantil a respeito de um papagaio pertencente a uma coleguinha chamada Mildred, que é autorizada a levá-lo com ela para a escola. Cotona, o papagaio, não gosta de falar inglês, e fica tão quieto que a diretora permite que Mildred o traga no ombro todos os dias. Após várias semanas, numa aula de inglês em que a professora pede para Mildred soletrar “cat” (gato, em inglês), Cotona teria falado C-A-T.
Capote especifica no início do texto que Cotona foi comprado de “um índio no Brasil que o capturou bem no meio da selva em torno do Rio Amazonas”, e que “Cotona aprendeu inicialmente a falar num dialeto hispano-índio”. Não se poderia naturalmente esperar do pequeno Capote que soubesse, aos 11 anos, que no Brasil se fala português.
Quando a professora morreu, há cerca de 40 anos, seus herdeiros ofereceram em leilão esses primeiros escritos do futuro grande autor. Alguns foram adquiridos por instituições, universidades ou grandes bibliotecas, e outros, como este, por colecionadores particulares.
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