Um pônei para Elizabeth II

A rainha Elizabeth II da Inglaterra festejou este ano o sexagésimo aniversário de seu reinado. Tem 86 anos e sua mãe morreu com mais de 100. Se viver mais três anos – o que é provável – quebrará o recorde que parecia inatingível, da rainha Vitória, sua trisavó, que reinou 63 anos, de 1837 a 1901.

A rainha Elizabeth é sem dúvida a figura viva de maior experiência política, pois conheceu e conviveu com todos os Chefes de Estado e personagens importantes das últimas seis décadas.

Quando assumiu o trono em 1952, logo após a Guerra, o império britânico já estava em decadência e havia sofrido a perda de várias de suas colônias, entre as quais a mais importante, a Índia, em 1947.

A rainha continua lá, inabalável, e conseguiu, mesmo ao longo de uma vida quase inteira sob intenso escrutínio do público – preservar sua vida privada e suas paixões. Nenhuma destas é maior que a que Elizabeth tem pelos cavalos. Andar a cavalo, criar cavalos, torcer por seus puro-sangues nas famosas corridas de Ascot, tem sido para ela um dos maiores prazeres declarados, e a rainha se dedica com grande entusiasmo ao seu esporte e interesse preponderante.

Elizabeth é filha de George VI, o rei gago ao qual o filme deu recentemente nova fama. Como era comum na família real inglesa, o rei George VI era chamado em casa desde garoto por Albert (assim como seu irmão Eduardo VIII era conhecido como David).

O futuro rei recebeu o titulo de duque de York e não esperava chegar ao trono, pois seu irmão mais velho gozava de boa saúde e todos esperavam que, ao tornar-se rei, fundasse família para garantir sua descendência.

Ninguém podia prever que abdicasse após menos de um ano de reinado, forçando o pacato Albert a assumir o trono com o nome de George VI em 1936.

A primeira filha do duque de York, a futura Elizabeth II, já nasceu em 1926 na terceira posição na ordem de sucessão ao trono, mas não foi criada como possível futura rainha, pois a hipótese que se tornasse sucessora parecia ainda bastante remota.

A carta mostrada nesta página é assinada como “Albert” pelo futuro George VI, então duque de York. É dirigida a um amigo, e foi escrita quando a futura rainha Elizabeth tinha apenas três anos, em 1929.

“Meu caro George, você se lembra de eu ter lhe falado em abril a respeito de um pequeno pônei para minha filha. Ela tem andando de pônei em Glams e simplesmente adora isso. Você sabe onde ou de quem eu poderia comprar um? Você sabe o tipo de pônei que eu quero, pequeno e muito quieto e não muito largo. Seria de fato muito gentil de sua parte se pudesse me ajudar nisso”.

O pônei que seu pai conseguiu graças a esta carta foi o primeiro cavalo que Elizabeth possuiu, aos três anos de idade. Andar no seu próprio pônei determinou a paixão que a rainha cultivou nos últimos 83 anos, e talvez a única atividade que pode escolher livremente numa vida essencialmente pré-determinada.

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