Rubens menciona o Brasil
De todos os grandes pintores do século XVII, Rubens foi sem dúvida aquele de carreira mais brilhante.
Muito além de seu gênio artístico, demonstrou personalidade, cultura e curiosidade intelectual tais que fizeram dele o amigo dos príncipes mais poderosos e de todos os maiores personagens de seu tempo, além de diplomata influente no conturbado cenário europeu, especialmente na década de 1620.
De todos os grandes pintores do século XVII, Rubens foi sem dúvida aquele de carreira mais brilhante.
Muito além de seu gênio artístico, demonstrou personalidade, cultura e curiosidade intelectual tais que fizeram dele o amigo dos príncipes mais poderosos e de todos os maiores personagens de seu tempo, além de diplomata influente no conturbado cenário europeu, especialmente na década de 1620.
Seu ateliê era provavelmente o maior em número de assistentes e na importância das encomendas que recebia de todas as cortes do Continente.
Rubens foi imensamente famoso durante mais da metade de sua vida e executou ou supervisionou a execução de mais de três mil quadros a óleo, produção que o tornou um dos artistas mais prolíficos de todos os tempos.
Ganhou a confiança da regente de Flandres, a Arquiduquesa Isabela e conduziu em seu benefício complexas negociações de paz.
Também por seu intermédio, conheceu os monarcas da Espanha e da Inglaterra, de quem deixou os melhores retratos.
A carta aqui reproduzida – inteiramente na letra de Peter Paul Rubens – se insere no contexto de sua atividade como agente diplomático oficioso, sem título ou mandato, mas ouvido atentamente por várias cortes européias.
De fato, Rubens havia se tornado um artista universalmente admirado e cortesão respeitado, apesar de seu nascimento relativamente modesto.
Logo antes de deixar Antuérpia, onde morava, Rubens escreve em junho de 1628 em italiano fluente a carta aqui mostrada e dirigida a um historiador francês próximo ao Rei Luis XIII.
A carta pode ser lida como uma crônica fascinante dos acontecimentos da época (clique nas imagens abaixo para ampliá-las):
O pintor comenta os vários governos da Europa com grande acuidade, mas sempre do ponto de vista de seus próprios interesses e posições políticas. Entre outras observações comenta:
“A rendição da cidade de Trino foi extremamente estranha: o duque de Mantova impôs aos cidadãos uma taxa de 7000 pistolas e também permitiu que os soldados roubassem os judeus. Essa decisão acabou resultando em maior perda para os cristãos que para os próprios judeus, pois as casas desses últimos estavam cheias de objetos preciosos que os cristãos haviam penhorado por quantias de dinheiro que os judeus são autorizados a emprestar por altas taxas de juros”.
Mas o comentário político dessa carta mais interessante para nós hoje é a raríssima menção ao Brasil, país que estava muito longe das preocupações dos principais fatores do palco político europeu.
Rubens antecipa – e o futuro demonstraria quão bem informado estava – que “de acordo com certos rumores”, os holandeses se preparavam para invadir o nordeste do Brasil, então de posse da coroa espanhola:
“Nestes estados [as províncias unidas dos países baixos] estão conduzindo uma guerra desastrosa contra o rei da Espanha, sustentada por financiadores privados, especialmente os da Companhia das Índias Ocidentais, e se não me engano acabaram de mandar uma frota muito poderosa para a Baía de Todos os Santos com o objetivo de atacar a cidade de São Salvador que já haviam conquistado uma vez por traição”.
Apesar de Rubens ser um escritor de cartas muito prolífico se comparado com a grande maioria de seus contemporâneos, quase todas as suas missivas são conservadas hoje em instituições públicas, e tornaram-se raríssimas no mercado.
Apenas outra menciona o Brasil além desta, que surgiu num leilão dos Estados Unidos em 1922 e reapareceu nos anos 1990, quando foi adquirida pelo atual detentor.
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