Tebet, no ministério: “As pessoas mais bolsonaristas estão caindo na real. A economia está dando certo, elas estão vendo que não tem bicho-papão, o Brasil não vai virar Venezuela” CRÉDITO: DIEGO BRESANI_2023
Simone Tebet, “estrela” entre petistas e “traidora” em Mato Grosso do Sul
Ministra do Planejamento tenta se equilibrar entre um governo de centro-esquerda, um MDB dividido e um estado bolsonarista
Consuelo Dieguez | 06 out 2023_06h10
“Linda! Maravilhosa!”, gritou a plateia petista quando Simone Tebet, ministra do Planejamento, subiu ao palco do Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro. Em encontro em 13 de julho para explicar as linhas do Plano Plurianual Participativo do governo Lula, ela foi a estrela da hora. A reverência que parte da militância de esquerda dedica a uma política do MDB foi uma virada. Algum tempo atrás, se Tebet entrasse em um reduto petista, seria xingada de “golpista”. Ela foi um dos senadores que acataram a tese do Tribunal de Contas da União de que o governo Dilma havia incorrido em crime de responsabilidade fiscal, as famosas pedaladas.
Foi a CPI da Covid, já no governo Bolsonaro, que transformou a senadora sul-mato-grossense em uma celebridade da política em 2021. Em seguida, foi lançada a candidatura presidencial. Ficou em terceiro lugar, superando até o antigo competidor Ciro Gomes. No segundo turno, depois de declarar o voto em Lula, Tebet se engajou na campanha do petista, desafiando duplamente os bolsonaristas de Mato Grosso do Sul. Nas hostes do MDB não sobram dúvidas de que essa participação foi essencial para a vitória. “Sem os votos da Simone, que representaram os votos do eleitor de centro, Lula não teria sido eleito”, disse o deputado paulista Baleia Rossi, presidente do partido, a Consuelo Dieguez, na piauí de outubro.
Por causa da decisão que tomou, Tebet virou persona non grata para muitos em seu estado natal. No prédio onde mora, os vizinhos pararam de falar com ela e seus familiares. Sua mãe, que está com 76 anos, até hoje tem que suportar uma série de críticas à decisão da filha. Tebet já admitiu que, em Mato Grosso do Sul, não se elegeria nem para síndica do seu prédio. Em Campo Grande, em julho, era possível perceber a rejeição. Ao pronunciar seu nome para alguns produtores, pequenos empresários, donos de restaurantes e motoristas de Uber, a resposta era uma só: “Traidora.”
Hoje, ela se esforça para se equilibrar entre um governo de centro-esquerda, um MDB dividido e as forças políticas de seu estado natal, fortemente afetadas pelo bolsonarismo.
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