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Tormentas brasileiras

    Tragédias sem fim: o temporal de 1966 levou à criação de novos órgãos públicos, mas “voltados para lidar com catástrofes, não com a chuva”, diz a historiadora Lise Sedrez CRÉDITO: REPRODUÇÃO_ULTIMA HORA_1966

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Tormentas brasileiras

A necessidade de inserir a chuva nas políticas públicas ganha mais urgência com a mudança climática no planeta

Fernando Tadeu Moraes | Edição 209, Fevereiro 2024

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Em fevereiro de 1811, o Rio de Janeiro foi assolado por chuvas e tormentas que provocaram inundações, desmoronamentos, pânico, mortes e destruição por todos os lados. “Depois de tremenda trovoada, choveu incessantemente durante sete dias. Os rios das redondezas da cidade, avolumando por maneira nunca vista o contingente das águas, inundaram completamente os arrabaldes. […] A enchente levou diante de si todas as pontes de madeira, inclusive a da Bica dos Marinheiros, por onde transitava o príncipe regente”, escreveu José Vieira Fazenda, o então bibliotecário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, numa das crônicas de Antiqualhas e memórias do Rio de Janeiro, publicada em 1903.

As ruas da cidade velha transformaram-se em rios barrentos e caudalosos “navegados por muitas canoas de pescadores”, enquanto parte do Morro do Castelo desabava sobre as casas do antigo Beco do Cotovelo, arruinando quase todas elas. Diante desse cenário apocalíptico, prossegue o cronista, “crer-se-ia a reprodução de novo dilúvio universal, se no Velho Testamento não estivesse exarada a solene promessa de Deus, feita a Noé, de que jamais destruiria o mundo por meio d’água”.

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