CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2024
Mão barroca
A alemã que fabrica cravos no interior de São Paulo
Barbara Monfrinato | Edição 210, Março 2024
Como muitos lugarejos na Alemanha, a cidade de 5 mil habitantes onde Maren Gehrts nasceu e cresceu oferecia uma boa educação musical para as crianças. Em Hohenwestedt, no estado de Schleswig-Holstein, extremo Norte do país, a menina teve lições de acordeão, piano, órgão e oboé. Também cantou em corais na igreja – que contava com um belo órgão de tubos – e na escola. “Eu já sabia ler notas antes de ler o alfabeto”, diz. Mas foi só aos 19 anos que ela teve contato com sua grande paixão: o cravo histórico. O instrumento que conheceu então era uma cópia de um exemplar de época, decorado com pinturas e arabescos. “Tinha um som maravilhoso, além de ser uma obra de arte por fora também”, lembra.
Radicada no Brasil desde 2004, Maren Machado (nome que adotou no casamento), de 52 anos, é hoje a única mulher a integrar a pequena confraria dos fabricantes de cravos no país. Também faz clavicórdios e pianofortes, ancestrais do piano. Pelo íngreme caminho de terra que liga a Estrada Darcy Penteado ao sítio onde ela mora com a família em São Roque, no interior paulista, passam instrumentos delicados que ela faz sob encomenda. Seus clientes são, em geral, intérpretes de música erudita que se dedicam a composições antigas e barrocas.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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