Protesto em forma de bordado feito por um coletivo de mulheres de Araçuaí: “Quando explodem dinamites nas minas, a terra treme tanto que os escorpiões saem das tocas”, diz uma moradora CRÉDITO: SARA ALVARENGA_2024
Pobre cidade rica
A pequena Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, e a corrida pela riqueza do lítio
Karla Monteiro | Edição 214, Julho 2024
A cidade mineira de Araçuaí fica longe de tudo, nas profundezas do Vale do Jequitinhonha. Ou no coração, como preferem os moradores. De lá até Belo Horizonte são cerca de 600 km. Nos tempos coloniais, houve ali e nos arredores uma corrida ao ouro, explorado até a exaustão. Hoje é um lugar como tantos outros do interior do Brasil, com seu traçado urbano desordenado, as ruas mal calçadas, a arquitetura modesta e sem graça, com alguns sinais do que se chama progresso: o hipermercado Cordeiro, a moderna farmácia Indiana, a envidraçada academia Forma Fitness.
De acordo com o Censo, a população de Araçuaí diminuiu de 2010 a 2022, caindo de 36 mil para 34,3 mil pessoas, cuja renda média não ultrapassa 1,7 salário mínimo. Os motoristas de táxi costumam dizer aos turistas que uma das atrações locais é o artesanato, com suas esculturas de mulheres em barro que atraem os turistas e admiradores da arte popular no Brasil e no exterior. Os taxistas também gostam de lembrar que a cidade bateu recentemente um recorde: atingiu a maior temperatura da história do país em 19 de novembro do ano passado, chegando a 44,8ºC, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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