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    Duas bolsas Chanel do modelo clássico: uma é falsa e sai por 390 dólares; a outra é verdadeira e chega a custar 10,2 mil dólares. Qual é a autêntica, qual a cópia? A resposta está na edição de agosto de 2024 da piauí CRÉDITO: FOTOGRAFIA DE GRANT CORNETT E PRODUÇÃO DE ADEREÇOS DE JOJO LI_2023

corredores da ilicitude

Produtos de luxo ganham cópia superfake

Em lojas de São Paulo, imitações perfeitas de objetos de grifes como Cartier e Chanel

João Batista Jr. | 02 ago 2024_09h27
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Uma nova modalidade de cópia de produtos de luxo movimenta o mercado brasileiro. São as imitações idênticas ou quase idênticas aos originais – e que por isso são chamadas superfakes. Por serem superfalsas, as peças custam mais caro que as imitações comuns, mas ainda assim são mais baratas que os produtos originais de grifes de luxo como Chanel e Prada.

Na Lili Bolsas, no Shopping Veneza, em plena Avenida Paulista, um modelo verde-bandeira da bolsa Birkin da Hermès, em imitação de couro de crocodilo, custa 32 mil reais. Na loja da marca no Shopping Iguatemi, a origem custa 90 mil reais (em couro de vaca), 490 mil reais (tamanho médio, em couro de crocodilo) e 2 milhões de reais (a versão chamada Himalaya Niloticus Crocodile Diamond, porque sua cor vai do cinza esfumado ao branco perolado, fazendo referência à cordilheira coberta de neve).

A loja vende réplicas não só da Hermès, mas também de Chanel, Prada, Miu Miu, Céline e Loewe. As peças mais caras não podem ser tocadas diretamente: ficam envoltas em um plástico transparente. “Muitas influenciadoras de São Paulo e de outros estados chegam aqui querendo Hermès”, conta uma vendedora. “É um investimento delas. Como ninguém imagina que são réplicas, elas posam como se fossem muito ricas.”

Na loja Charlotte, também na capital paulista, o diferencial são as porcelanas “de luxo” da Chanel, algumas com a logomarca dos dois cês (de Coco Chanel) cruzados, impressos em formato enorme. Mal chegam, já são vendidas. Há apenas um detalhe, para o qual os clientes não dão a mínima: a maison Chanel tem linhas de roupas, acessórios, maquiagem, perfumaria, joalheria e relojoaria, mas nunca produziu um prato de porcelana sequer.

“Hoje, o nosso principal problema são as redes sociais. Vemos inúmeros perfis no Facebook, Instagram e TikTok oferecendo produtos falsos”, diz o empresário francês Sébastien Kopp a João Batista Jr. na reportagem da edição deste mês da piauí. Ele é sócio e cofundador da Veja, uma marca francesa de tênis que virou objeto de desejo depois que celebridades como Kate Middleton, a princesa de Gales, apareceram usando os calçados. A Veja (que aqui se chamava Vert até meses atrás) contratou um advogado no Brasil para monitorar as redes sociais, onde os tênis falsos são vendidos.

O comércio de falsificados ocorre também nos sites de roupas e acessórios de segunda mão. No site Enjoei, que vende produtos de segunda mão de todo tipo, de eletrônicos a roupas, e afirma que não aceita oferecer produtos falsos, pode-se encontrar bolsas com a logomarca da Chanel por valores como 155 reais ou 650 reais. De acordo com um levantamento feito para a piauí pelo Reclame Aqui, site de reclamações de consumidores, o brechó online recebeu 977 reclamações por venda de produtos falsos em 2023.

O estilista americano Marc Jacobs afirmou certa vez que se sentia lisonjeado ao ver uma cópia de suas roupas no mercado paralelo. Para ele, isso seria a prova de que seu design caiu nas graças do público. Mas a tolerância de Jacobs não é compartilhada pelos grandes conglomerados de moda, que investem pesado para tentar conter a comercialização de falsificados. “A massificação das peças pode tornar o objeto de luxo menos desejado para o público muito rico”, adverte o consultor Carlos Ferreirinha.

Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.

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