Marcado para amanhã (24), o discurso de Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU virou motivo de debate nacional. O presidente iria ou não? Se fosse, o que diria? Até 6 de setembro, Bolsonaro já fez 156 discursos ou pronunciamentos, utilizando mais de 9 mil palavras diferentes, segundo levantamento da piauí. Em suas falas, o presidente nomeou amigos e inimigos. O “Exército” apareceu 9 vezes para cada menção a “universidades”. As palavras “paraquedista” e “coronel” foram mencionadas tanto quanto “indígena” e “quilombola” – estes, porém, foram tratados de forma negativa. Depois de analisar o dicionário do presidente nas entrevistas concedidas à imprensa, o =igualdades apresenta os discursos de Bolsonaro. Nas próximas semanas, mais verbetes do Bolsonário.
Bolsonaro fala mais quando não precisa dividir o microfone. Em discursos e pronunciamentos feitos até o início de setembro, o presidente disse 131,3 mil palavras. É o dobro do que proferiu nas entrevistas concedidas no mesmo período, 65,2 mil palavras.
Bolsonaro fala muito em economia (126), mas pouco em emprego ou desemprego (25).
A Amazônia não recebia muito destaque nos discursos do presidente. De janeiro a julho, foi citada apenas 16 vezes. Só em agosto, quando as queimadas na região geraram uma crise internacional, a Amazônia foi lembrada por Bolsonaro 36 vezes.
O presidente falou do Exército em 147 ocasiões. É mais de nove vezes o número de menções a universidades, 16 no total. Em metade dos casos, Bolsonaro se referiu a universidades de forma negativa, associando-as a “ideologia”, “esquerda”, “socialismo”, “militantes” e criticando vagas para transexuais.
A julgar pelos discursos de Bolsonaro, os Estados Unidos não são o principal aliado internacional do Brasil. O país mais mencionado pelo presidente foi Israel, 121 vezes. Já os Estados Unidos foram lembrados 76 vezes.
Bolsonaro mencionou 59 vezes as palavras paraquedista e coronel. É praticamente o mesmo número de vezes que falou de indígenas e quilombolas (61) – porém, nesses dois casos, todas as referências foram negativas, dizendo haver “febre de demarcações” de terras indígenas e quilombolas, “que só dividem nosso povo” e que “nosso agronegócio vai ficar inviabilizado”.
Bolsonaro também se mostrou sentimental. Falou diversas vezes as palavras filho (51), querido (61), maravilhoso (60), coração (79).
Em seus discursos e pronunciamentos, o presidente falou mais de 6 vezes da “esquerda” para cada vez que mencionou a “direita” (26 X 4). O foco de Bolsonaro no polo político rival já tinha ficado evidente nas suas entrevistas, quando citou muito mais o PT do que de seu próprio partido, o PSL.
Assista ao vídeo:
Fonte: Transcrição de discursos de Jair Bolsonaro no site da Presidência da República.
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