O LHC (sigla em inglês para ‘Grande colisor de hádrons’) é um acelerador circular subterrâneo de 27 quilômetros situado sob a fronteira entre a França e a Suíça (foto: ATLAS Experiment © 2013 CERN).
Bóson para ver e para ler
O LHC, maior acelerador de partículas do mundo, está fechado e só deve voltar a operar no começo de 2015, mas nem por isso sai do noticiário. Nos Estados Unidos, acaba de sair Particle Fever (‘Febre de partículas’), documentário que retrata a busca pelo bóson de Higgs. Para o leitor brasileiro, a pedida é o livro O Cerne da Matéria, do físico Rogério Rosenfeld, que relata a descoberta do bóson do ponto de vista privilegiado de quem a viveu de perto.
O LHC (sigla em inglês para ‘Grande colisor de hádrons’) é um acelerador circular subterrâneo de 27 quilômetros situado sob a fronteira entre a França e a Suíça (foto: ATLAS Experiment © 2013 CERN).
O LHC, maior acelerador de partículas do mundo, está fechado para melhorias e só deve voltar a operar no começo de 2015. Mas nem por isso sai do noticiário. Para quem está nos Estados Unidos, a novidade é o lançamento de Particle Fever (‘Febre de partículas’), documentário que retrata a busca pelo bóson de Higgs pelos milhares de cientistas que trabalham no Cern, laboratório internacional sediado em Genebra.
Particle Fever foi idealizado pelo físico David Kaplan, que vislumbrou, às vésperas da inauguração do LHC, a possibilidade de documentar um episódio único na história da ciência. Produtor do filme, Kaplan recrutou para dirigi-lo Mark Levinson, ele próprio um físico de partículas que abandonou a academia para seguir carreira no cinema – Levison foi o editor de som de O Paciente Inglês e de O Talentoso Ripley.
O documentário começou a ser feito antes mesmo de o acelerador começar a funcionar. A equipe registrou momentos emblemáticos, como a inauguração do LHC em 2008, a retomada dos trabalhos quase dois anos depois, após a interrupção forçada por um acidente, e o anúncio histórico da descoberta do bóson de Higgs, em julho de 2012. O roteiro acompanha de perto os passos de seis personagens envolvidos na busca por essa partícula, dentre os mais de 10 mil cientistas, engenheiros e técnicos que compõem a comunidade do Cern.
“Fascinante”, “revelador”, “alucinante”: a crítica que o New York Times fez do filme não economizou em adjetivos – que os produtores poderão estampar na capa do DVD, quando o filme for lançado para o mercado doméstico. “A experiência de ver o filme pode ser vertiginosa”, escreveu A.O. Scott . “Você alterna entre o minúsculo e o infinito, entre a eternidade e o tempo real do passado recente.”
O documentário estreou nos Estados Unidos na semana passada e ainda não está disponível para download. A julgar pelo trailer, o documentário parece bem promissor:
Para o leitor brasileiro que quiser saber mais sobre o LHC e a busca do bóson de Higgs, uma boa indicação é o livro O Cerne da Matéria , lançamento recente da Companhia das Letras. O autor é o paulistano Rogério Rosenfeld, professor do Instituto de Física Teórica da Unesp. O livro apresenta a descoberta da mais midiática das partículas subatômicas do ponto de vista privilegiado de quem a viveu de perto – o físico passou recentemente um ano sabático no Cern e estava lá no dia do anúncio.
Rosenfeld explica em linguagem acessível como os cientistas puderam prever a existência do bóson de Higgs e apresenta as sucessivas gerações de aceleradores de partículas que antecederam o LHC desde os anos 30. O livro conta também a história do Cern (sigla para Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), que hospeda o LHC, e ajuda a entender como a física de partículas transcendeu as fronteiras nacionais.
O autor apresenta a discussão a partir da perspectiva da ciência brasileira, discutindo as contribuições do país para a física de partículas e a atuação dos brasileiros no Cern. E dá ao relato a cor local de quem viveu a efervescência intelectual do dia a dia desse centro de pesquisa.
Rosenfeld é um dos cientistas que entrevistei quando estive no Cern em setembro de 2012, preparando a reportagem “Cidade do átomo” – ele estava então no final de seu período sabático em Genebra. Durante cerca de uma hora, ele falou sobre as perspectivas da física de partículas depois da descoberta do bóson de Higgs – um tema que aborda também no livro. Discutiu principalmente as hipóteses teóricas que a nova partícula excluiu, frustrando muitos de seus colegas. “Ainda temos esperança que o LHC encontre uma nova física, só não sabemos qual é”, disse Rosenfeld. “É empolgante poder estar ativo na minha carreira nesta época.”
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