minha conta a revista fazer logout faça seu login assinaturas a revista
piauí jogos

memórias raciais

Cruzando a linha de cor

O espanto e a curiosidade mútua no encontro entre soldados brasileiros e americanos na Segunda Guerra Mundial

Felipe Botelho Corrêa | 03 jun 2024_07h50
A+ A- A

“A diferença de classes é muito aguda, na sociedade e no Exército. Quase sem exceção, os oficiais são da classe superior ou média. Na classe baixa, praticamente não há discriminação racial. Contudo, é possível para um membro branco da classe baixa ou média tornar-se membro da classe alta, mas praticamente impossível para um negro fazer o mesmo. Não há oficiais negros acima da patente de major.”

Foi assim que, em abril de 1944, um relatório de um oficial americano endereçado ao quartel-general do Teatro de Operações do Mediterrâneo, na Itália, resumiu a composição racial do Exército Brasileiro, que naquele momento se preparava para ser o único país latino-americano a combater na Segunda Guerra Mundial. Mais do que apresentar um dado, o trecho do relatório sugere o desconcerto que alguns americanos experimentariam no encontro com os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), ao lado dos quais lutariam juntos na Itália.

Na piauí de maio, Felipe Botelho Corrêa mergulha em relatos e arquivos da época para reconstituir como se deu esse encontro entre soldados brasileiros e americanos, com um enfoque especial na questão da identidade racial. Combatendo ao lado da 92ª Divisão de Infantaria do Exército dos Estados Unidos, conhecida como Buffalo Soldiers – formada exclusivamente por soldados negros – os pracinhas brasileiros viram formas distintas de segregação com as quais não estavam acostumados.

“Quando os brasileiros inicialmente encontraram o Exército segregado dos Estados Unidos, reagiram com curiosidade e espanto à mera ideia de que tal prática existisse.” Botelho Corrêa escreve: “Para a maioria, era a primeira experiência fora do Brasil, e as relações raciais dos americanos pareciam um conceito alienígena. Uns expressaram o choque pela profunda separação que viam, outros reagiram assinalando que aquilo, sim, era racismo real.”

Os assinantes da piauí podem ler a íntegra do relato neste link.

Assine nossa newsletter

Toda sexta-feira enviaremos uma seleção de conteúdos em destaque na piauí