O cineasta israelense Amos Gitaï, diretor de Kadosh e O Dia do Perdão – Kippur, reflete na piauí deste mês sobre os recentes protestos em Israel contra as mudanças no sistema judiciário do país, colocando em risco o equilíbrio entre os poderes e a própria democracia.
“Vivemos um momento de raiva em Israel”, escreve ele. “Há uma impressionante revolta por parte de diversos elementos da sociedade israelense – médicos e cientistas, artistas e soldados, empresários, feministas e membros da comunidade LGBTQIA+, opositores à ocupação da Cisjordânia e ativistas de direitos humanos. Todos eles estão convergindo em um movimento de centenas de milhares de pessoas, algo nunca visto no país.”
Para Gitaï, trata-se de “um evento histórico”, tanto mais que os manifestantes estão respondendo a um apelo coletivo para impedir que Israel caminhe na direção de um regime autocrático. “É um movimento de intensa ira contra um governo que está arriscando fragmentar o país em mil pedaços e cujo único objetivo é satisfazer os desejos de seus aliados ultranacionalistas, racistas e ultraortodoxos, arriscando-se a marginalizar os setores mais produtivos da sociedade.” A revolta ocorre justamente quando Israel comemora o 75º aniversário de sua fundação, em 1948.
Gitaï diz que a estratégia do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é criar o caos para depois poder controlar a situação. “Mas desta vez o caos é tão grande, tão disseminado, que está além do seu controle”, observa o cineasta. “Netanyahu está sobrecarregado pelo caos que ele próprio criou, um caos muito maior do que ele esperava.”
Os assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.