Cinema do Brasil responde
Segundo escreve André Sturm, o post “Más notícias – degradação do cinema brasileiro”, publicado em 22 de janeiro, “não faz jus ao trabalho que tem sido realizado pelo Programa Cinema do Brasil”. É compreensível que sendo responsável pelo Programa ele tente justificar o que, a meu ver, não tem justificativa – o vexame parisiense fala por si. Sem falar do resultado pífio obtido até o momento pelo Programa.
Segundo escreve André Sturm, o post “Más notícias – degradação do cinema brasileiro”, publicado em 22 de janeiro, “não faz jus ao trabalho que tem sido realizado pelo Programa Cinema do Brasil”. É compreensível que sendo responsável pelo Programa ele tente justificar o que, a meu ver, não tem justificativa – o vexame parisiense fala por si. Sem falar do resultado pífio obtido até o momento pelo Programa.
Como de hábito, porém, em atenção ao , o e-mail de André Sturm, presidente do Programa Cinema do Brasil, vai transcrito abaixo:
“Desde 2006, o programa impulsiona as coproduções internacionais, coloca produtores e outros empreendedores brasileiros em contato com profissionais da área em todo o mundo e contribui para a ampliação da presença do filme brasileiro no exterior.
É importante lembrar que, apesar de no início dos anos 2000 o cinema brasileiro ter feito as pazes com o público e a crítica, nossa produção permanecia praticamente desconhecida fora do país. O Programa Cinema do Brasil foi criado para tentar reverter essa situação. Os resultados estão aí: em 5 anos, foram feitas no Brasil mais coproduções que nos 30 anteriores; nos principais festivais internacionais, é constante a presença de filmes brasileiros.
Não se trata de encarar o cinema como indústria ou arte. Os filmes são feitos para serem vistos. Cada um tem o seu público. E quase todos são produzidos com recursos públicos. Nossa tentativa é ampliar o seu alcance. A presença num festival internacional ou a estreia em outros países aumenta enormemente a visibilidade do filme e do seu realizador e produtor. É dessa visibilidade que os cineastas e produtores precisam para viabilizar seus próximos projetos.
A matéria do Cahiers du Cinèma revela, infelizmente, o antigo ranço de se tentar contrapor ações de “mercado” com a pureza da “arte”, como se a tentativa de ampliar a circulação dos filmes brasileiros tivesse implicações sobre a liberdade e a criatividade dos cineastas. O texto também traz implícito um certo incômodo com a inversão de papeis: neste caso, não é a Europa que diz o que deve ou não ser feito, fomos nós que tomamos a iniciativa.
O autor sugere ainda que os filmes brasileiros têm baixa circulação no exterior por causa da baixa qualidade. Dar tratamento único ao cinema brasileiro e desqualificar sua qualidade é demonstração de má fé ou falta de conhecimento.
As iniciativas de apoio aos distribuidores e aos agentes de venda não foram inventadas por nós. França, Espanha, Alemanha e União Europeia têm programas semelhantes para apoiar a circulação de seus filmes pelo mundo. Mais da metade dos filmes franceses lançados no Brasil todos os anos tem recursos do CNC ou da Unifrance dados aos distribuidores brasileiros. Isso quer dizer que os filmes franceses são ruins e só estreiam porque o governo francês subsidia sua distribuição? Não. É uma política de Estado, desenvolvida há décadas (desde 1946!) de apoiar a circulação de seus filmes.
Agentes de venda franceses que tem filmes em festivais recebem recursos para apoiar sua participação. Alguma insinuação? Na semana passada, durante o Festival de Tiradentes, uma das curadoras da Quinzena dos Realizadores disse em sua palestra que “é admirável a independência e a liberdade de criação do jovem cinema brasileiro, mas, muitas vezes, reparo que o diretor também é o produtor e o agente de vendas. Ter um agente de vendas também ajuda muito: ele é aquele profissional que vai ficar no nosso pé, para que o filme seja visto. Nada garante necessariamente a seleção, mas ajuda a chamar a atenção para o filme”. (citado por Pedro Butcher no Filme B de 28/01). É assim que funciona. Não existe nenhum conflito ético. O que não tem sentido é a insinuação de que o Programa “premiará” os agentes de venda por colocarem filmes em festivais. Os recursos devem ser aplicados na promoção dos filmes nos mercados, algo não apenas legítimo como necessário – e feito por todos os países que desejam ter um cinema nacional.
A Copa dos Distribuidores deve ser entendida como mais um estímulo para a circulação dos filmes. É óbvio que nenhum distribuidor investirá recursos num lançamento pensando em vencer essa Copa. Trata-se, apenas, de uma maneira de envolver esses profissionais. Além disso, em sua vinda ao Brasil, eles terão encontros de negócios e, no mínimo, sairão daqui com DVDs de muitos filmes, potenciais lançamentos futuros. Ou seja, é uma ação integrada e com objetivos claros.
Podemos errar. Mas o trabalho é sério e já tem dado resultado. Acredito que estamos seguindo no caminho certo.”
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