Maria Cecilia Marra
Desenhista, é diretora de arte da piauí
histórias publicadas
Cozinhando para Madame
Batatinhas fritas da Jacqueline Kennedy
Acabam de ser divulgados "In her own voice", os tapes de uma longa conversa que Jacqueline Kennedy teve em 1964 com o historiador e ex-assessor de seu marido, Arthur Schlesinger. Imaginem a comoção dos americanos, primeiro ao saber que a mulher famosa por sua discrição extrema falou durante horas e horas, e depois, ouvi-la revelar, com sua vozinha suave e delicada, que achava Martin Luther King "um mulherengo, embusteiro" e Indira Gandhi uma mulher amarga, pushy, horrenda, com cara de quem chupou limão. A gravação demonstra o excepcional talento de entrevistador de Schlesinger e, com oito horas e meia, evidentemente vai além das afirmações bombásticas.
Sabor ensolarado
Casquinha de Siri da Lulu
A imagem deste post ilustra com fidelidade o grau de empenho que a receita que veremos a seguir requer de quem ficar encarregado de seu preparo. Mergulhamos no nosso arquivo de pratos simples mas impressionantes e selecionamos uma receita do tipo que a Cozinha Transcendental mais gosta: rápida, fácil de fazer e deliciosa. Ideal para dias ensolarados e de preferência com vista para o mar, este é um prato capaz de dar um ar de verão até mesmo a dias de chuva.
O que ou com quem
Continuamos nosso passeio pela excelente Lapham's Quarterly e lá pelas tantas aparece um jogo de associação. Em uma das colunas estão personagens célebres, na outra um enumerado de pratos. Cabe ao leitor ligar os nomes aos cardápios. A idéia é mórbida e estranhamente atraente, faz pensar. Mais interessante do que saber o cardápio da última refeição de Marilyn Monroe, por exemplo, seria saber se ela jantou acompanhada, se a sorte guardou por ela o melhor para o fim. Afinal, por mais deliciosa que seja a comida, o que é uma refeição sem companhia, especialmente se for a última?
Leituras seletas
Bloody Mary em homenagem a Hunter Thompson
A biblioteca da Cozinha Transcendental recebeu um presente maravilhoso de uma amiga muito especial: Lapham's Quarterly, uma revista trimestral, monotemática, caprichadíssima e linda. A nossa edição trata de comida e é um banquete variado de assuntos, capaz de entreter o leitor durante os três meses que o separam da edição seguinte. Para dar uma ideia, temos desde a descrição do funcionamento da cozinha gerida por Leonardo da Vinci em 1490, no castelo Sforza, em Milão, até Hunter Thompson contando como gosta de seu café da manhã.
Pão de queijo: mais um emocionante capítulo
Pão de queijo do Rodeio
A equipe da Cozinha Transcendental é fã ardorosa de pão de queijo, especialmente nos lanches dos fechamentos. A visão de uma bela cesta cheia de bolinhas douradas e quentes é a melhor injeção de ânimo e bom humor e foi assim que na sexta feira passada submetemos mais uma receita dos nossos arquivos ao rigoroso crivo do Renato, nosso editor e autoridade máxima no assunto. Leia a seguir os comentários, a avaliação comparativa e veja a pontuação desta receita:
Por fora bela viola, por dentro pão bolorento
É impossível cozinhar bem se os ingredientes que vamos usar estiveram guardados em uma geladeira embagunçada, cheia de pires e pratinhos destampados exibindo restos misteriosos. Geladeira em desordem, além de horrível é uma coisa muito arriscada porque os resquícios de alguma meleca podem grudar nas mãos do cozinheiro (ou passar para os ingredientes!) e estragar a receita, literalmente. Dentro da geladeira convivem alimentos perecíveis em vários estágios de preparação, desde ingredientes ainda crus (carnes, verduras, frutas), comidas prontas ou semiprontas e produtos industrializados (leite, manteiga, queijos, molhos e etc), e por isso é importante saber guardar tudo com muita ordem e higiene. Imagine que pesadelo, seus convidados adoecendo porque frequentaram a sua mesa!
Que cheiro é esse?
Você vai antecipando pegar alguma coisa gostosa, abre a porta e – pá! – junto com a luz e o frio sai lá de dentro um cheirinho alarmante. Há alguma coisa de podre no seu reino, e está na geladeira. Em algum momento o inocente eletrodoméstico se transformou em cenário de uma daquelas histórias policiais horríveis com defuntos abandonados, esquecidos até que algum vizinho sente, escapando por baixo da porta do apartamento... melhor nem completar. Ou isso, ou virou um arquivo de mementos, uma espécie de acervo arqueológico dos hábitos alimentares ao longo dos meses. Que pesadelo.
Segredos da carne - parte 2
Estamos na seção de carnes do supermercado e a cliente ignora os cortes já embalados, o 'prèt-a-porter', e parte diretamente para a alta costura: prefere ser atendida pelo açougueiro. Pergunta em que ponto está o alcatra, não fica satisfeita com a resposta e passa a se informar a respeito de outros cortes. Espetáculo! A Cozinha Transcendental tem enorme admiração por quem conhece carne e reconhece os cortes só de olhar. Aplaudimos em pé os cozinheiros que deixam para decidir no açougue o que vão preparar, e escolhem de acordo com a carne que estiver mais bonita. Exibir um desempenho seguro em situações como essa denota anos de observação e de prática, tanto na cozinha quanto no balcão das carnes. Quem pode, pode. E quem não pode, precisa contar com a orientação generosa de um bom açougueiro, felizmente esse é o nosso caso. Pisti Wessel continua hoje a lição que começou no post anterior. Vamos aprender o corte adequado para cada tipo de receita.
Segredos da carne
Quem já ficou no açougue encarando uma lista de cortes, preços e pedaços de carne, expostos ou embalados na gôndola, sem ter a menor ideia de como juntar a intenção ("picadinho" ou "bife", por exemplo) com a oferta ( alcatra, coxão mole, patinho etc) sabe a falta que faz conhecer um pouco sobre carnes. Pior é olhar aquela figura clássica do boi pontilhado: qual a utilidade de saber que o alcatra sai da perna traseira para quem não sabe se deve pedir alcatra ou filé mignon ou coxão mole? Quem tem a sorte de encontrar um açougueiro amigável, com tempo para escutar o que se pretende cozinhar e recomendar o corte ideal está salvo.
O irresistível pão de queijo da Yara
Pão de queijo da Yara
Fica o aviso, quem estiver compenetrado na dieta não deve se expor a esta receita: é impossível comer pouco. Hoje vamos publicar uma versão de pão de queijo maravilhosa, um verdadeiro triunfo. Por luxo, é muito simples de fazer, rápida e não exige saber além de medir ingredientes, ligar liquidificador e acender forno. Dá para sentir vontade de comer e concretizar o desejo sem que a preguiça tenha chance de se instalar e atrapalhar- por exemplo, no café da manhã. É perfeitamente possivel ir da cama à mesa com uma bela fornada quentinha em cerca de 30 minutos. OK, talvez um pouquinho mais, dependendo do vigor do forno e do desembaraço do cozinheiro ao acordar.