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Como George Santos afundou a si próprio

A piauí acompanhou em Nova York o julgamento do ex-deputado americano de origem brasileira

06jun2025_09h47
João Batista Jr.

George Santos chega ao tribunal de Central Islip, em Nova York: “O meu problema foi uma ambição cega, eu perdi o controle. Foi pura ambição”, ele disse a um programa de tevê

Às 10h29 do dia 25 de abril passado, o ex-deputado George Santos – americano de origem brasileira que foi cassado em dezembro de 2023 –, entrou no Tribunal Federal do distrito de Central Islip, em Nova York. Estava acompanhado de seus três advogados. Todos na sala ficaram em silêncio.

 

Santos estava ali para a audiência que iria definir sua sentença pelos crimes de fraude eletrônica e desvios de recursos de campanha. A pena poderia ser de 24 a 87 meses de prisão. Os procuradores pediram a punição máxima.

 

Mais gordo e mais altivo do que aparece nas fotos, Santos entrou na sala como um manga-larga avançando em uma pista de hipismo: porte imponente, passos duros, sem olhar para os lados. Às 10h34, chegou a juíza Joanna Seybert. Todos se levantaram. O espetáculo iria começar, acompanhado por vários veículos da imprensa americana. Do Brasil, apenas a piauí.

 

 

 

O procurador que chefiava a acusação e o advogado de defesa se apresentaram à juíza. Santos tomava um gole d’água quando a juíza abriu a audiência, olhando diretamente para o ex-deputado. “Se você não disser a verdade, as consequências poderão ser ainda piores”, disse ela. Ainda que seja algo protocolar em audiências, essa frase ganhou uma forte conotação, tendo em vista o histórico de mentiras de quem estava sentado no banco dos réus.

 

A juíza passou, então, a palavra a Santos. Ele começou em tom seguro, mas pouco a pouco sua voz fraquejou. Disse que se sentia “envergonhado” e “arrependido” e que havia traído a confiança de seus eleitores. “Peço as mais profundas desculpas. Não posso reescrever o passado, mas posso controlar o caminho que tenho pela frente.” Quando terminou, estava emocionado, conta, de Nova York, João Batista Jr., na edição deste mês da revista.

 

Santos, que é filho de brasileiros que imigraram para os Estados Unidos, é acusado de uma série de crimes, como fraude de cartão de crédito, uso fraudulento de contribuição para sua campanha política, apropriação indevida de auxílio desemprego e falsas declarações à Câmara dos Deputados americana. Ele também é conhecido agora por suas mentiras em série, como dizer que descende de judeus que escaparam do Holocausto, que trabalhou em instituições financeiras poderosas da Wall Street, que sua mãe era uma executiva que sobreviveu aos atentados às Torres Gêmeas e que ele produziu um espetáculo na Broadway.

 

 

 

Antes que toda essa cascata de lorotas viesse à tona, Santos foi eleito, em novembro de 2022, para o Congresso americano. Foi o primeiro deputado assumidamente gay a tomar posse pelo Partido Republicano. Mas a alegria da vitória durou pouco.

 

Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.

 

 

 

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