No fim de semana, para cada busca por “ele sim” no Google, seis foram por “ele não”. Para cada post a favor de Jair Bolsonaro em páginas do Facebook, quatro foram feitos em oposição ao candidato. E para cada tuíte de apoio durante os atos pelo país a favor do presidenciável do PSL no domingo, com menções a #EleSim, cerca de dois posts de oposição foram feitos na tarde deste sábado, quando as manifestações pelo #EleNão levaram milhares às ruas das cidades de 26 estados e do Distrito Federal para protestar contra Bolsonaro.
Entre as 16 horas de sábado e as 16 horas desta segunda-feira, os termos “ele não” foram buscados 71% mais vezes do que “ele sim” no Google. As principais consultas relacionadas aos dois termos foram referentes a manifestações ou a figuras que se posicionaram na discussão, como as cantoras Anitta e Daniela Mercury. Quando se analisam os volumes de buscas por termos mais abrangentes, a diferença de interesse é menor do que nas pesquisas pelos termos das hashtags. Somadas, as consultas que se identificam com o #EleNão, como “Contra Bolsonaro” e “Protesto Bolsonaro”, representam 52% das buscas, enquanto as pesquisas próximas do #EleSim – “Pró Bolsonaro”, “A favor de Bolsonaro” e “Carreata Bolsonaro” – foram 48% das pesquisas na amostra.
O apoio ao movimento contra o capitão da reserva é perceptível na internet. Embora Bolsonaro seja o candidato à Presidência mais bem posicionado nas redes nesta campanha, sua base de apoio se mostrou muito inferior à quantidade de perfis com posicionamento político definido que se unem contra o candidato. Um levantamento feito pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP-FGV) mostra que no último fim de semana, a discussão política no Twitter foi formada 42% por perfis que se unem contra o candidato. O pico do movimento #EleNão na rede foi na tarde de sábado, quando chegou a 2,5 mil postagens diferentes por minuto contra Bolsonaro. Ao todo, foram mais de 1,4 milhão de menções aos atos. O debate a favor do candidato foi mais frequente no domingo, mas o auge de incidência foi de 1,4 mil postagens por minuto. Ao todo, foram 1 milhão de menções de apoio ao candidato. Desde o início da corrida eleitoral, segundo a DAPP, o grupo com maior presença nos debates nas redes era de perfis que não defendiam, necessariamente, algum candidato, mas que se uniam contra Bolsonaro.
Na ferramenta CrowdTangle, do Facebook, que analisa postagens de páginas e grupos públicos, #EleNão aparece em 12 mil posts. Já as menções ao #EleSim são pouco mais de 3 mil nos últimos sete dias. Nos dois lados, as principais publicações foram transmissões ao vivo de atos que aconteceram no sábado. Do lado do #EleNão, foi a Mídia Ninja que mais bombou com a transmissão do ato contra Bolsonaro que aconteceu em Belo Horizonte. O vídeo foi visto mais de 2 milhões de vezes e teve, ao todo, 228 mil interações, levando em consideração reações, compartilhamentos e comentários. Do lado do #EleSim, a publicação mais popular foi a transmissão ao vivo do ato pró-Bolsonaro em Copacabana, no Rio de Janeiro, no sábado. O conteúdo foi visto mais de 1 milhão de vezes e teve 162 mil interações.
No segundo post mais comentado tanto do #EleNão quanto do #EleSim, o conteúdo foi crítico à hashtag mencionada. Do lado da campanha contra Bolsonaro, o youtuber Maurício Küster chamou atenção com um vídeo humorístico em que diz que quem compartilha a hashtag só deixa Bolsonaro mais popular. O vídeo recebeu 236 mil interações, a maior parte delas de pessoas que apoiam o candidato. Do lado do #EleSim, o humorista Fábio Porchat postou um vídeo em que usou a hashtag na legenda, mas estava divulgando o apoio ao movimento contra o candidato. A postagem teve 147 mil interações.