“A ira do corpo se torna mais violenta em noite de lua cheia.” Assim começa Salvar o Fogo, o novo romance de Itamar Vieira Júnior, do qual a piauí publica com exclusividade um trecho na edição de março.
O livro prossegue:
Ela já não conseguia se recordar das coisas que tinha para fazer no dia a dia. Também não soube dizer a si mesma como e quando havia se deitado exausta na esteira de palha e nem em que momento desfez – num acesso de fúria – a grossa trança que domava seu cabelo crespo e negro refletindo o brilho da luz de um candeeiro. Depois ela imaginou que os fios do seu cabelo se tornavam raízes encontrando o chão do quarto, e talvez tudo isso tenha se passado antes de uma dor violenta lhe atravessar o quadril.
Salvar o Fogo se passa em Tapera do Paraguaçu, um povoado fictício no interior da Bahia onde vivem pescadores e agricultores de origem indígena e africana, todos afetados pelo poder que a Igreja Católica exerce na região. A trama se desenvolve a partir da relação de Moisés e sua irmã Luzia, que a população local julga ter poderes sobrenaturais. Pouco a pouco, as histórias individuais e familiares vão revelando o que guardam, como cicatrizes, do passado colonial brasileiro.
Os assinantes podem ler o trecho inteiro neste link.