Nas duas semanas antes do primeiro turno, agências de checagem e grupos de verificação de conteúdo publicaram 32 histórias relacionadas às urnas eletrônicas. Em todos os casos, desmentindo boatos de fraude. Esse foi um dos assuntos mais comentados dessas eleições, principalmente por incitação de Jair Bolsonaro, candidato em primeiro lugar nas pesquisas. Defensor do voto impresso, Bolsonaro já questionou a segurança das urnas repetidas vezes.
Um relatório de hoje da Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas mostra que de meia-noite até as 16 horas deste domingo, o debate sobre eleições no Twitter resultou em 2 milhões de menções. Mais de um quarto delas – 572 mil tuítes – foram sobre urnas. O assunto despertou mais interesse do que, por exemplo, os candidatos Ciro Gomes e Fernando Haddad, segundo e terceiro candidatos mais comentados na rede social, atrás de Jair Bolsonaro.
Entre as mais de três dezenas de verificações sobre fraudes nas urnas está uma publicação de um site duvidoso que afirma que o Tribunal Superior Eleitoral teria entregue códigos de segurança das urnas eletrônicas para a Venezuela. Um dos posts divulgados no Facebook com o link para o conteúdo teve mais de 208 mil interações. Esse conteúdo sobre urnas foi verificado pelo projeto Comprova, uma coalizão de checagem de conteúdo sobre as eleições formada por 24 veículos jornalísticos, incluindo a piauí. Outras quatro verificações sobre o mesmo assunto foram feitas pelo projeto.
A mais recente delas é o desmentido de um boato que circulou no WhatsApp esta semana, sobre a Polícia Federal ter apreendido uma van com urnas eletrônicas adulteradas. O boato afirmava que, dos 152 equipamentos que teriam sido confiscados, 121 estariam “preenchidas com voto para o Haddad com pelo menos 72% dos votos” e que a Record teria noticiado o ocorrido. Procurada pelo Comprova, a PF informou que não há registro de uma ocorrência do tipo. Também não há nenhuma notícia no site da Record TV sobre apreensão de urnas eletrônicas.
A Agência Lupa, assim como o Fato ou Fake, do grupo Globo, fizeram dez verificações cada sobre o tema. O Aos Fatos fez sete. A mais recentes delas foi feita hoje pelo grupo de verificação do Globo. A equipe apurou que um vídeo que circulou pela manhã, enquanto aconteciam as votações, é montagem. No vídeo, um eleitor aciona a tecla “1” e, automaticamente, aparece “13”, com a foto do candidato Fernando Haddad. O TSE explicou em suas redes sociais, na tarde deste domingo, que o conteúdo era falso. “Os vídeos não mostram o teclado da urna, onde uma pessoa digita o restante do voto. Não existe a possibilidade de a urna autocompletar o voto do eleitor”, diz a nota do Tribunal.