Folha de Vencimento das Escravas Lavadeiras da Casa Imperial
Lembrado pelo seu papel fundamental no processo de separação do Brasil de Portugal, e celebrado em nossa História como “O Patriarca da Independência”, José Bonifácio de Andrada e Silva talvez tenha ficado um pouco engessado na armadura de “herói nacional”, como é sempre evocado desde o final do século XIX. Nem sempre lembramos da extraordinária atividade intelectual e acadêmica do ilustre brasileiro de Santos, que além de seu papel político foi também um dos intelectuais mais eruditos de seu tempo, autor inclusive de obras cientificas ainda hoje respeitadas.
Um dos aspectos que nos parecem hoje mais curiosos da intensa atividade de José Bonifácio é a função de tutor do jovem D. Pedro II e de suas irmãs, por decisão pessoal de D. Pedro I, ao abdicar em 7 de abril de 1831.
Lembrado pelo seu papel fundamental no processo de separação do Brasil de Portugal, e celebrado em nossa História como “O Patriarca da Independência”, José Bonifácio de Andrada e Silva talvez tenha ficado um pouco engessado na armadura de “herói nacional”, como é sempre evocado desde o final do século XIX. Nem sempre lembramos da extraordinária atividade intelectual e acadêmica do ilustre brasileiro de Santos, que além de seu papel político foi também um dos intelectuais mais eruditos de seu tempo, autor inclusive de obras cientificas ainda hoje respeitadas.
Um dos aspectos que nos parecem hoje mais curiosos da intensa atividade de José Bonifácio é a função de tutor do jovem D. Pedro II e de suas irmãs, por decisão pessoal de D. Pedro I, ao abdicar em 7 de abril de 1831.
A escolha de José Bonifácio para representá-lo no papel de pai substituto dos pequenos príncipes diz muito quanto ao respeito e à estima que o Imperador sentia pelo Ministro que o apoiava de forma decisiva no momento crucial da independência e ao longo de seu reinado.
Pago pela Regência, José Bonifácio exerceu suas funções de 1831 a 1833, e nesse papel coube-lhe também a supervisão da casa Imperial e a autorização de muitas de suas despesas, até mesmo as mais rotineiras.
É nesse contexto que se insere o documento aqui reproduzido, uma das muitas contas referentes aos serviços e ao funcionamento da Casa Imperial endossada por José Bonifácio e assinada como “Dr. Andrada”.
Trata-se da “Folha de Vencimento das Escravas Lavadeiras da Casa Imperial” referente ao mês de maio de 1833. Nela estão elencadas o nome de sete lavadeiras (e curiosamente também de um escravo diarista), todos envolvidos na delicada tarefa de lavar a roupa das crianças imperiais, quando D. Pedro contava apenas com sete anos de idade.
A mais bem remunerada é a mestra Arcangela de Jesus, que aparentemente recebe dez vezes mais que cada um dos sete outros escravos, Maria Rosa, Maria da Paixão, Felipa Clemência, Josefa Severina, Maria do Carmo, Joana Maria e o único homem, Antonio de Leão.
A Casa Imperial era uma das principais proprietárias de escravos tanto ao longo do primeiro quanto do segundo reinado e somente a Imperial Fazenda de Santa Cruz contava com o trabalho de milhares de cativos.
Parece-nos hoje estranho que uma figura da estatura de José Bonifácio tivesse que ocupar-se de detalhes tão comezinhos na sua função de tutor, como autorizar o tesoureiro da Casa Imperial a desembolsar a pequena quantia devida por tais serviços.
Uma certa quantidade de documentos desta natureza assinados por José Bonifácio foi encontrada nos anos 1910 entre os papéis de descendentes do Marquês de Itanhaém e espalharam-se por diversas coleções particulares. Poucos deles referiam-se a escravos, o que torna este documento especialmente significativo.
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