O segundo dia do Festival Piauí Globo News de Jornalismo (domingo, 11 de outubro) abriu com o jornalista e escritor Franklin Foer. A mesa foi mediada pelo repórter de piauí, Bernardo Esteves, e pelo jornalista Ricardo Gandour, de O Estado de S.Paulo.
A conversa teve início com perguntas sobre a renúncia de Foer ao cargo de editor da revista quinzenal The New Republic (TNR) – publicação progressista, centenária, que vem sofrendo transformações profundas desde que foi comprada por Chris Hughes, cofundador do Facebook. O executivo Guy Vidra deixou o Yahoo para se tornar CEO da TNR e chegou com uma bagagem que incluía elementos da cultura do Vale do Silício. O choque entre os dois mundos – o jornalismo de profundidade e a busca por cliques – tornou insustentável a permanência de Foer: “O Vale do Silício acredita, entre outras coisas, na quantificação de dados para medir o sucesso de um conteúdo: se você não consegue aferir o sucesso, isso significa que você não tem sucesso. Quando dispomos de padrões, tendemos a repetir a mesma fórmula sempre. O tráfego na internet é como a heroína: é impossível parar a partir do momento em que se experimenta. Todos ficam analisando dados e impondo essa cultura quantitativa. É preciso resistir”, disse Foer.
Foer também criticou a ausência de regras para cercear o monopólio criado por corporações como Amazon, Google e Facebook. “Google, Facebook e Amazon são as empresas mais poderosas do mundo: eles controlam as informações. Nós nos deixamos seduzir pelo poder da tecnologia e não nos perguntamos mais como isso vai nos afetar. Ficamos cegos. Temo que entremos num mundo em que o monopólio seja inevitável e esmague a diversidade.”