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Guitarra elétrica

As pessoas sempre associaram a minha música ao Frank Zappa, ouvi comentários elogiosos como “ Zappa brasileiro” e depreciativos, como imitador de Frank Zappa. Acho engraçado porque, para mim, Bartok, Stravinsky e Schoenberg estão mais presentes no que faço. E também acho engraçado, porque eu ouvi muito pouco o Frank Zappa. Já comentei em outros blogs que alguns discos eram inacessíveis, você só conseguia ouvir se tivesse dinheiro suficiente para importar, ou se algum amigo trouxesse do exterior. Naquela época, as viagens ao exterior eram raras. Mas, na república em que morávamos, na Virgílio, como a chamávamos, não em uma alusão a Dante, ou ao seu guia no Inferno, mas porque a rua se chamava Virgilio de Carvalho Pinto, ali, em Pinheiros, São Paulo, capital.

| 05 jun 2012_12h54
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As pessoas sempre associaram a minha música ao Frank Zappa, ouvi comentários elogiosos como “ Zappa brasileiro” e depreciativos, como imitador de Frank Zappa. Acho engraçado porque, para mim, Bartok, Stravinsky e Schoenberg  estão mais presentes no que faço. E também acho engraçado, porque eu ouvi muito pouco o Frank Zappa. Já comentei em outros blogs que alguns discos eram inacessíveis, você só conseguia ouvir se tivesse dinheiro suficiente para importar, ou se algum amigo trouxesse do exterior. Naquela época, as viagens ao exterior eram raras. Mas, na república em que morávamos, na Virgílio, como a chamávamos, não em uma alusão a Dante, ou ao seu guia no Inferno, mas porque a rua se chamava Virgilio de Carvalho Pinto, ali, em Pinheiros, São Paulo, capital.

O Rubão, estudante de medicina na Escola Paulista, tinha um LP do Frank Zappa: Billy the Mountain! Aquilo era muito engraçado, escutamos bastante aquela história de Billy a montanha, que é casado com Ethel, a árvore.  Aqui uma interessante versão a capella de Billy the Mountain

Frank Zappa foi além de um compositor excepcional, grande guitarrista. E a guitarra foi um instrumento transgressor, divisor de águas. Aqui no Brasil aconteceu uma “marcha contra a guitarra elétrica”, lá por 1967. Mas eu tenho a impressão que essa marcha era contra a guitarra elétrica usada no rock, com sua liberdade para ultrapassar os limites do instrumento… pesquisadores dionisíacos ensandecidos, o transe no palco, onde o guitarrista-sacerdote, o xamã eletrificado, contagiava a audiência numa catarse coletiva tida, por muitos de esquerda, como fator de alienação da juventude, e por outros, de direita,  como um rompimento aviltante com a moral e a tradição.

E também, entre os que faziam música, muitos jazzistas torciam o nariz para Jimmi Hendrix, uma questão de escalas, pentatônicas. O timbre e todas as conquistas, corajosamente extraídas do reino dos ruídos, eram desprezadas como elementos formais por essa turma.

Sei de brigas homéricas, discussões acaloradas entre músicos pro e contra Jimmi Hendrix. Mas todos gostavam de Wes Montgomery.

E no Brasil, nosso ídolo era Lanny  Gordin, o guitarrista que melhor fez a ponte entre o rock e o Brasil. Além, claro do trabalho dos Mutantes, que causara fortíssimo impacto, infelizmente interrompido com a dissolução do grupo no inicio dos anos 70.

Mas, voltando aos discos que não tínhamos acesso, lembro que escutei apenas uma vez, na casa de algum amigo, um grupo que me impressionou muitíssimo, Gentle Giant. Me identifiquei  bastante com esse grupo, que trabalhava muito com a polifonia.

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