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    Ato golpista no 8 de janeiro: intentona golpista usou táticas como ataque organizado e divisão em grupos, próprias de quem teve treinamento militar e comuns entre os kids pretos, tropa de elite das Forças Armadas

anais da intentona

Quem são os kids pretos, alvo da operação da PF

O coronel da reserva Marcelo Câmara, que integrou o grupo especial do Exército suspeito de treinar manifestantes golpistas, foi preso hoje

| 08 fev 2024_14h58
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Com a operação Tempus Veritatis, da manhã desta quinta-feira, a Polícia Federal contemplou enfim militares que fizeram parte da intentona golpista nas últimas eleições presidenciais. Além de políticos como o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL Valdemar Costa Neto, foram alvo nomes como os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, e também um “kid preto”, o coronel da reserva Marcelo Câmara.

Ele já era investigado por fraude no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro e foi preso nesta manhã, sob suspeita de participação em organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e na abolição do Estado Democrático de Direito. Era um dos quatro nomes com ordem de prisão na operação – Valdemar Costa Neto não estava na lista, mas acabou preso por posse ilegal de arma de fogo.

“Kids pretos” é como são chamados os militares do Comando de Operações Especiais, o Copesp, como o tenente-coronel Mauro Cid, e também como Câmara. Eles são considerados a elite de combate do Exército e recebem treinamento qualificado em ações de sabotagem e de incentivo à insurgência popular. Vestem gorros na cor preta nas operações, por isso o apelido. A atuação dos kids pretos engloba ataques a pontos sensíveis da infraestrutura, como torres de transmissão elétrica, pontes e aeroportos. Entre os lemas desse grupo está “qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora e de qualquer maneira”.

Há digitais dos kids pretos em dois eventos golpistas em Brasília, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. No primeiro, em 12 de dezembro, bolsonaristas protestaram contra a detenção de um líder indigena apoiador do ex-presidente e incendiaram ônibus, automóveis e uma viatura dos Bombeiros. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) detectou que entre os xavantes havia três kids pretos infiltrados. Segundo um integrante da Abin que conversou com a piauí sob condição de anonimato, “tudo indica que esses militares usaram esses indígenas como massa de manobra”.

Já os vídeos dos ataques às sedes dos três poderes em 8 de janeiro de 2023 mostram ações de manifestantes que são próprias de quem teve treinamento militar, como divisão da multidão em grupos e uso de luvas de couro e de granadas tipo GL-310, que o Exército utiliza. Num vídeo postado nas redes sociais, o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, um kid preto, aparece enrolado na bandeira do Brasil enquanto os manifestantes golpistas agem atrás dele na Praça dos Três Poderes.

O sonho de Bolsonaro sempre foi ser um kid preto. Ele fez a prova de ingresso para as Forças Especiais duas vezes, mas acabou reprovado. Mesmo assim, ele permaneceu próximo desses militares e quando chegou ao poder cercou-se de pelo menos 26 membros do grupo. Além de Câmara e Cid, integraram a equipe de Bolsonaro o general Luiz Eduardo Ramos, que foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência e, também, da Casa Civil, e Eduardo Pazuello, que chefiou o Ministério da Saúde, entre outros. 

Em junho de 2023, o repórter Allan de Abreu explicou na piauí quem são os kids pretos, como eles se infiltraram no governo de Jair Bolsonaro e como estão conectados com os ataques golpistas de 8 de janeiro. O texto pode ser lido neste link.

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