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    Chamas na mata em Poconé, Mato Grosso, em 19 de agosto de 2020 CRÉDITO: GUSTAVO BASSO_AFP

questões ambientais

A mão que acende o fogo

Aquecimento global e desmatamento aumentam o material combustível para os incêndios, mas, sem ação de pessoas, o Pantanal e a Amazônia não queimariam assim

Cristina Amorim | 17 set 2020_11h53
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Paulette, Rene, Sally, Teddy, Vicky. Pela segunda vez na história, cinco tempestades tropicais se formaram no Atlântico ao mesmo tempo, nesta segunda semana de setembro de 2020. Pela primeira vez, a agência norte-americana que monitora oceanos e a atmosfera, a NOAA, prevê o batismo de 25 tempestades tropicais neste ano, o que acontece quando os ventos atingem 63 km/h. Em média, são doze os eventos poderosos o suficiente para serem nomeados.

Um dos elementos que levam a temporadas extremas de furacões são águas mais quentes na superfície dos oceanos, que juntam mais umidade e energia na atmosfera. Uma região em particular, o Atlântico Tropical Norte, mostrou sinais desde cedo que não estava para brincadeiras em 2020: no início de julho, a temperatura da água em algumas regiões bateu 30ºC, três graus acima do que é preciso para as tempestades surgirem, e dois meses antes do pico da temporada. 

Cientistas deram o alerta. Há, contudo, aqueles que preferem não ouvir a ciência, e o aviso não foi longe. O Pantanal está imerso em chamas, e trechos do Oeste da Amazônia seguem na mesma direção. 

Sim, o aquecimento anormal no Atlântico Tropical Norte tira a umidade de áreas da América do Sul, deixando regiões mais secas do que normalmente já ficam nesta época do ano, produzindo furacões no Caribe e nos Estados Unidos.

A influência perversa das águas tépidas do oceano Atlântico no interior do Brasil é conhecida há alguns anos, desde que uma seca extrema atingiu esse mesmo Oeste da Amazônia em 2005, queimando mais de 300 mil hectares de florestas. Foi o ano do Katrina, o furacão de nível 5 que matou mais de 1.800 pessoas e acabou com a cidade de Nova Orleans.

Cientistas temem que, com o agravamento das mudanças climáticas, o aquecimento anormal do Atlântico Tropical Norte torne-se mais frequente e, num cenário desolador, permanente. O extraordinário viraria o ordinário, e tempestades no Hemisfério Norte e secas extremas no Sul, o novo normal.

Repare que até aqui fala-se de seca, não necessariamente de incêndios.

Na Amazônia, assim como no Pantanal, o fogo é a consequência da interação de três elementos. O primeiro são as condições naturais, ou seja, um ambiente extremamente seco. O segundo é a existência de material combustível, como folhas e troncos prontos para a combustão. Uma estiagem severa como as de 2005 e de 2020 pode criar dois dos três elementos, e o desmatamento e as alterações no clima global têm deixado tudo mais inflamável.

O terceiro elemento é a ignição, a chama que inicia o processo. Na falta de uma das três pontas do triângulo, o fogo não surge espontaneamente ou, quando ocorre, por um raio, por exemplo, extingue-se rapidamente. Mesmo numa seca intensa, o homem é fonte de ignição na Amazônia e no Pantanal. Sem fósforo, não há chamas.

 

Quebrar esse triângulo depende de transformar ciência em ação, e por um breve momento houve uma brisa de esperança. Em julho, o governo federal publicou um decreto que estabelecia uma moratória para queimadas justamente na Amazônia e no Pantanal por quatro meses.

Porém, o decreto foi uma resposta a pressões internacionais, e não à ciência, e desde o início nada além de letra morta. Sem ações firmes no campo para coibir o fogo, usado tradicionalmente pelo produtor rural, e o desmatamento, o primeiro passo antes das queimadas, ele avançou sem controle num ambiente mais seco do que o normal.

Como se não fosse o suficiente, o negacionismo traduzido em vídeos fantasiosos e ataques a cientistas, ativistas e atores hollywoodianos soprou as chamas com força, legitimando a ação de quem ganha com tudo pegando fogo. O homem foi fonte de ignição no Pantanal e na Amazônia duas vezes, com a ação e a palavra.

Mandar agora um efetivo grande de brigadistas e fiscalização, com investimento de peso, para fazer o decreto sair do papel e controlar os incêndios pode suavizar a situação, especialmente em áreas da Amazônia que ainda sofrem com a estiagem por algumas semanas. Mas será um esforço inócuo enquanto a posição pública do governo minimizar o que satélites e fotografias mostram.

Os americanos transformaram os dados sobre aquecimento no Atlântico Tropical Norte em ações preventivas de defesa civil contra Paulette, Rene, Sally, Teddy e Vicky. Já os brasileiros lamentam os incêndios em Águas, Araras, Jubran e Chapada dos Guimarães, choram os animais mortos, os prejuízos financeiros e o ar irrespirável, cheio de fumaça.

Nem Trump foi capaz de ignorar a ciência assim.

Cristina Amorim

Coordenadora de comunicação do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Cobre temas de meio ambiente e ciência há quase duas décadas.

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