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despedida

A arte de sumir no supremo

Entre o truque e a charlatanice, o palco e a tevê, o mágico gaúcho Tio Tony e o global Mister M tentam mais uma vez acertar os limites sindicais de sua profissão

Douglas Ceconello | Edição 31, Abril 2009

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Foi como se o coelho roesse mais uma vez o forro da cartola. Na segunda-feira, 9 de março, o mágico Tio Tony, metido há dez anos numa pendenga judicial com a Globo, viu mais um de seus recursos se desfazer no ar, entre sólidos casos de extradição ou lavagem de dinheiro. No Supremo Tribunal Federal, seu processo contra a rede de tevê e o mágico Mister M parece invisível para os ministros.

Paulo Roberto Martins, o Tio Tony, preside a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico, entidade fundada em 1999 para lutar contra o que a categoria considera abusos do quadro “Mister M, o inimigo número 1 dos mágicos”, que era apresentado nas noites de domingo pela Rede Globo. Quem vê Tio Tony no palco, quatro dias por semana, nem imagina a que ponto pode chegar esse homem baixo e franzino – e, às vezes, serrado ao meio – na defesa das fronteiras que separam a prestidigitação da charlatanice. “Queremos uma jurisprudência para que esse desrespeito não se repita mais. Nós, mágicos, fomos muito agredidos”, lamenta.

No caso, por Mister M, o mascarado que, não contente em exibir seus truques no Fantástico, esmiuçava em seguida para os espectadores as técnicas usadas para enganá-los. Em poucas semanas, Tio Tony passou a sentir na pele – ou, pior, no bolso – os efeitos daquelas devassas dominicais. O público ficara mais desconfiado. Passara a exigir dos mágicos a verdade, nada mais que a verdade, como se eles estivessem ali para isso.

“Piorava com a platéia infantil”, recorda. “A gente montava um espetáculo bonito, chegava no colégio e, na hora de se apresentar, as crianças gritavam: ‘É mentirinha! É mentirinha!’” Não tardou para que a campanha de desmoralização movida contra os mágicos por Mister M chegasse ao mercado do ilusionismo. “As pessoas nos olhavam de outra maneira. Se antes nos pagavam 1 200 reais por um número de mágica, passaram a oferecer apenas 200.” Quando se viu obrigado a demitir suas duas assistentes, Tio Tony decidiu que era hora de agir.

A essa altura, a Associação de Mágicos do Rio de Janeiro já entrara na Justiça com um processo contra o Fantástico. A ação encalhou no foro. Tio Tony reagiu com novo embargo, via Rio Grande do Sul. Dez anos atrás – num domingo, 21 de março – conseguiu que a juíza Gisele Anne Vieira de Azambuja, de plantão em Porto Alegre, expedisse uma liminar proibindo o Fantástico de exibir seu Mister M, sob pena de multa para a emissora avaliada em 1 milhão de reais. Às duas da tarde, a ordem chegou ao Rio. Às oito, desembaraçando-se dos trâmites burocráticos com a presteza de um Houdini, um oficial de justiça chegava à Central Globo de Jornalismo, acompanhado de Paladino e Mister Luc, mágicos da Associação carioca.

“Nossa profissão é regulamentada por lei. Eles estavam ferindo o artigo 154 do Código Penal, sobre violação de segredo profissional”, conta Mister Luc, que é advogado nas horas vagas. Mister M chegou a ficar suspenso durante um mês em todo o país, com direito a constrangidas explicações ao vivo do apresentador Pedro Bial. Tio Tony rememora o feito com nostalgia: “Para nós foi um período de muita euforia. Pena ter durado tão pouco.”

O homem que lidera a batalha contra a Globo tem mãos pequenas e olhar melancólico. Aos 64 anos, Tio Tony orgulha-se de ter dedicado quase metade da vida às causas lúdicas. Até os 30, trabalhava como bancário. De lá para cá, munido de cartola, fraque, pombo, coelho, lenço e baralho, descobriu o que queria fazer na vida, até a fatídica noite em que ligou a tevê e ouviu a voz empostada do locutor Cid Moreira escandir a ameaça: “Dá-lhe, Mister M, os mágicos estão te odiando.” Foi tiro e queda. Tio Tony passou a acompanhar de perto os passos do antagonista.

Apurou que Mister M era, na verdade, Leonard Montano, ilusionista a quem assistira anos antes no circo de Beto Carrero. “Não usava máscara, mas já era péssimo artista”, ele contra-ataca. Convenceu-se também de que a Globo resolvera apostar no quadro por razões estritamente cambiais. Com a alta do dólar, encareceram-se os minutos do americano David Copperfield, até então mágico quase oficial da emissora do plim-plim. Foi “aí que apareceu o Zorro da Magia, para mostrar como os números eram feitos”. Tio Tony esteve nos Estados Unidos seguindo as pegadas de Mister M, na época em que o mascarado fazia para o público brasileiro o papel de artista internacional. E – zás! – constatou que, lá, ninguém sabia nada a respeito de Mister M.

 

Desmascarada a falsificação, Tio Tony também é impiedoso com os defeitos de acabamento: “É o lixo dos lixos, um ridículo, com aquela máscara, sem jeito para caminhar, uma coisa fúnebre.” Paschoal Ammirati, presidente da Associação dos Mágicos de São Paulo, endossa: “A Justiça não vê o que todo mágico vê. Aquele sujeito é uma vergonha irritante.”

Diante de tantos agravantes, Tio Tony concluiu que tirar Mister M do ar não seria o suficiente. E o estrago que havia sido feito? Como fazer a moeda sumir no ar quando todos sabem que ela está entre os dedos? A Associação exigiu direito de resposta no horário do Fantástico, alegando que o programa apresentara a classe como uma horda de farsantes. Embora firme na argumentação – “Só existem três coisas que dependem mais do segredo profissional do que os mágicos: Coca-Cola, Windows e McDonald’s” –, o pedido foi rejeitado pela Justiça.

Em novembro de 2001, após um período de ausência, Mister M voltou ao Fantástico, travestido em professor de mágica, mais uma vez, o maior do mundo. Anunciando o retorno, Cid Moreira pediu trégua: “Mister M não quer mais briga com os mágicos. Ele quer ensinar as crianças. Ele mudou.” Mas os processos continuaram. E, em maio de 2003, o juiz da 11ª Vara Cível de Porto Alegre, Eduardo Kothe Werlang, condenou a Globo a indenizar os 21 litisconsortes da Associação dos Mágicos Gaúchos. A sentença alegava que o slogan “Mister M, o inimigo número 1 dos mágicos” já explicitava suas intenções dolosas. E obrigava a emissora a arcar com os custos de destruir todo um “repertório profissional, sendo seu dever restabelecer os lucros solapados e os prejuízos acarretados aos demandantes”.

A indenização ficou em 300 salários mínimos por mágico, hoje equivalentes a quase 140 mil reais. Mas a Globo recorreu e nunca pagou. Em vão os mágicos apelaram ao Tribunal de Justiça, ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal, que não apreciam mágicas. Só quem botou dinheiro de verdade nessa história foi o próprio Tio Tony. A briga já lhe custou 15 mil reais. E ele acredita que “ainda vai muito longe”. Tanto que, no dia 18 de março, enviou mais um recurso a Brasília.

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Douglas Ceconello

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