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    Kissinger em 1977: a aposta dele e de Nixon na ascensão do Brasil como poder estabilizador na América Latina fura a hipótese de que Washington atuou para restringir a projeção do país CRÉDITO: DIANA WALKER_GETTY IMAGES_1977

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Muy amigo

A história (e o mito) de Henry Kissinger na América do Sul

Roberto Simon | Edição 208, Janeiro 2024

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A morte de Henry Kissinger aos 100 anos, no dia 29 de novembro, desatou uma avalanche de obituários mundo afora, reflexo de seu poder no cume da diplomacia americana, durante oito anos da Guerra Fria, e da influência de suas ideias, desde os anos 1950, sobre a ordem internacional. Mesmo morto, Kissinger continuou a suscitar reações extremadas. Panegíricos exaltaram a curiosidade intelectual do ex-professor de Harvard, que escreveu sobre tudo – do equilíbrio de poder na Europa pós-­napoleônica ao impacto da inteligência artificial na política –, e de seus mais ousados lances diplomáticos, que transformaram o século XX. Kissinger foi o estadista da aproximação entre Washington e a China de Mao Tsé-tung, da política de distensão com Moscou, do fim da Guerra do Vietnã, da virada pró-Estados Unidos do Oriente Médio.

Mas o herói da realpolitik tinha outra metade, que a revista Rolling Stone decidiu pôr no título de seu obituário: “Henry Kissinger, criminoso de guerra amado pela classe dominante americana, finalmente morre.” À esquerda, sua morte foi lembrada com uma lista de apoio a golpes, guerras, massacres e outros horrores. O bombardeio secreto e indiscriminado ao Camboja, o apoio a paquistaneses que dizimavam a população civil do que é hoje Bangladesh, o aval à invasão indonésia do Timor-Leste, a decisão de protelar o fim dos combates no Vietnã a um custo astronômico de vidas, e mais. Nesse rol da vergonha, entraram também suas ações na América do Sul, sobretudo (mas não apenas) no Chile.

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