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    “Meus agressores não moravam na favela. Viviam em Olaria, bairro de classe mais ou menos. Por causa disso, a polícia não prendeu ninguém. Ficou a minha palavra de favelada contra a dos bacaninhas. ‘Ela pediu. Estava doidona.’ Doidona?! Não acharam uma gota de álcool no meu sangue!” FOTO_LEO MARTINS_2018

vozes do rio

A vizinha

Ela surgiu de repente à minha porta com uma história perturbadora

Armando Antenore | Edição 143, Agosto 2018

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Eram dois, mas pareciam um – e cochilavam na porta de minha casa. Dividiam um edredom muito limpo, que estenderam próximo de uma árvore, sobre a calçada de pedras portuguesas. Cobertos com um lençol, se abraçavam tão umbilicalmente que, de longe, julguei se tratar de uma única pessoa. Ou melhor: de um rapaz. Eu o avistei mal saí do pequeno hall que abriga os elevadores do prédio onde moro há nove meses. Apenas os cabelos dele – encaracolados, curtíssimos – e parte do rosto estavam à mostra. O restante se escondia sob o lençol branco, salpicado de estampas florais. Passava um pouco das 14 horas. A profusão de nuvens carregadas não combinava com aquele Primeiro de Maio. Por decreto, os feriados no Rio de Janeiro deveriam ter sempre sol, brisa e céu azul. Mesmo sob a promessa de chuva, decidi passear de bicicleta. “Estranho… Os sem-teto do bairro costumam dormir mais para lá”, pensei, enquanto empurrava a bike até o portão de grades marrons que me separava da rua. Somente quando o abri é que notei alguém junto do moço – uma companhia miúda, inteiramente oculta pelo lençol. “Uma criança? Seu filho?”, aventei. Perto da dupla, repousava uma gigantesca mala de viagem, relativamente nova, com rodinhas e inúmeros zíperes.

Pedalei duas quadras, em direção à praia de Copacabana, e segui pela ciclovia que beira o mar. Nas proximidades do Leme, me lembrei de um comunicado que a síndica do meu prédio distribuíra em março. O aviso de 21 linhas me despertou a atenção por expressar um conceito francamente higienista de cidade. Dizia que usuários de crack tinham se instalado nas redondezas e que “a ocupação irregular” dos “nossos quarteirões” exigia providências urgentes. Recomendava, então, que os condôminos baixassem um aplicativo da IplanRio – a empresa municipal de informática – e o acionassem sempre que se deparassem com os forasteiros. Bastaria denunciar os invasores à prefeitura, e as autoridades dariam um jeito de removê-los. Para onde? A circular não se preocupava em esclarecer. Embora reconhecesse que “vivemos uma fase difícil” e que dependentes químicos precisam de tratamento adequado, o informe enfatizava que adictos costumam sujar as calçadas, além de ameaçar, assaltar e agredir os transeuntes. “Vamos agir juntos para que saiam daqui”, conclamava.

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Armando Antenore
Armando Antenore

Editor da piauí, é autor de Júlia e Coió, Rita Distraída e Sorri, Lia! (Edições SM)

 

 

 

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