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    Em razão das atuais ameaças à natureza, o jornal recomenda que o termo “mudança do clima” seja substituído por “colapso” ou “crise” do clima FOTO: ALEXANDER GRIR_GETTY IMAGES_2018

chegada

Agora é crise

O Guardian sobe o tom para falar do aquecimento global

Bernardo Esteves | Edição 154, Julho 2019

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“A crise climática é nossa terceira guerra mundial. Precisa de uma resposta arrojada”, lia-se no título de uma coluna do economista norte–americano Joseph Stiglitz, publicada em junho no jornal britânico The Guardian. O artigo refletia sobre como a economia global pode se preparar para essa guerra. “Vamos pagar pelo colapso climático de um jeito ou de outro. Então faz sentido gastar dinheiro agora para reduzir as emissões [de gases do efeito estufa] em vez de pagar bem mais caro pelas consequências no futuro”, defendia o autor, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2001.

No tom e na linguagem, o artigo de Stiglitz aderia às novas orientações do manual de redação do Guardian, atualizado em maio. O diário passou a recomendar a seus jornalistas e articulistas que não falem mais em “aquecimento global” ou “mudança do clima”, mas sim em “crise”, “emergência” ou “colapso” do clima. Para o jornal, esses termos descrevem com mais precisão as atuais ameaças ao meio ambiente. “A expressão ‘mudança do clima’ soa um tanto leve e passiva, mas o que os cientistas estão descrevendo é uma catástrofe para a humanidade”, afirmou a diretora de redação Katharine Viner no editorial que anunciou a decisão. O texto evocou um questionamento da adolescente sueca Greta Thunberg, líder do movimento que promoveu greves em escolas de aproximadamente cem países para alertar sobre a crise climática: “Estamos em 2019. Já podemos chamar as coisas pelo que elas são?”

Fundado em 1821, o Guardian é um dos mais influentes jornais ingleses e vem se engajando no combate ao aquecimento global há algum tempo. Em 2015, por exemplo, lançou uma campanha contra os investimentos em fundos e ações que tinham conexões com a indústria dos combustíveis fósseis. No fim de maio, o semanário norueguês Morgenbladet divulgou que, seguindo o diário britânico, também empregaria uma linguagem mais dura para falar de clima.

Duas semanas antes de o Guardian atualizar seu manual, o Reino Unido se tornou o primeiro Estado do mundo a declarar emergência climática e ambiental. Desde então, a Irlanda, o Vaticano e o Canadá adotaram resoluções semelhantes. A moção aprovada pelo Parlamento britânico foi uma reivindicação do grupo Extinction Rebellion, cujos protestos interromperam o trânsito em vários pontos de Londres por onze dias, no mês de abril. Embora a resolução não obrigue o governo a tomar qualquer atitude em relação ao clima, a premiê Theresa May anunciou, no início de junho, que o Reino Unido se propõe a zerar suas emissões líquidas de gases do efeito estufa até 2050.

 

Desde o século XIX, os cientistas sabem que o acúmulo desses gases na atmosfera pode aquecer o planeta. Tal risco é apontado na imprensa há mais de cem anos. Em julho de 1912, uma nota curta publicada no Braidwood Dispatch and Mining Journal, da Austrália, informou que os 7 bilhões de toneladas de dióxido de carbono emitidas anualmente pelas usinas de carvão estavam criando um cobertor na atmosfera que esquentaria a Terra. “O efeito pode ser considerável em poucos séculos”, vaticinou o jornal. Mas a mudança do clima só ganhou grande visibilidade no final dos anos 80, quando os cientistas se deram conta de que os padrões de produção e consumo da humanidade aumentariam inevitavelmente a temperatura planetária. Em 1988, James Hansen, climatologista da Nasa, advertiu os senadores norte-americanos para as consequências das emissões desenfreadas de gases do efeito estufa. O New York Times dedicou uma manchete ao alerta: “O aquecimento global começou, diz especialista no Senado.”

Alguns pesquisadores já usam a expressão “crise climática” para tratar do tema em artigos científicos, apesar de o IPCC – o painel de cientistas da Organização das Nações Unidas que se dedica ao assunto – ainda preferir o termo “mudança do clima”, mais sóbrio. A decisão do Guardian reflete a compreensão mais refinada que a ciência passou a ter do aquecimento global. “A semântica muda de acordo com o estado do problema”, explicou Marcos Buckeridge, biólogo da Universidade de São Paulo (USP) e coautor do último relatório do IPCC, lançado em 2018. Segundo o trabalho, estamos sentindo agora os resultados do aumento de 1ºC na temperatura média do planeta que se verifica desde a Revolução Industrial (se não agirmos, temos, no mínimo, outros 2 ou 3 graus pela frente até o fim do século).

O ambientalista Carlos Rittl – secretário executivo do Observatório do Clima, uma coalizão com dezenas de ONGs da área ambiental – acredita que chamar o fenômeno de “crise climática” é mesmo uma opção mais realista. “‘Mudança do clima’ não transmite a gravidade do desafio.” Ele considera, porém, que não basta subir o tom. A imprensa também deve mostrar que a crise hídrica, o preço alto do feijão, a eclosão de epidemias e outras adversidades se associam às questões climáticas. “Falar em crise é extremamente importante, mas precisamos demonstrar como o problema se liga à rotina das pessoas.”

 

Nem todos apoiaram a decisão do Guardian. “Os termos ‘mudança do clima’ e ‘aquecimento global’ já são suficientes para um público que não está apto ou disposto a reconhecer o fenômeno como uma ameaça”, argumentou num artigo o jornalista norte–americano Peter Dykstra, editor da Environmental Health News. Outros articulistas aventaram igualmente a possibilidade de a decisão ser um tiro no pé: o caráter mais alarmista das novas expressões poderia estimular a indiferença ou a apatia do público, conforme já sugeriram alguns estudos acadêmicos. Afinal, se a tragédia é mesmo inevitável, não há muito que se possa fazer.

“De fato, a retórica apocalíptica não conecta os jovens à pauta climática”, avalia o cientista social Iago Hairon, da ONG Engajamundo, que busca mobilizar as novas gerações na luta contra o aquecimento global. Mas ele não crê que os termos recomendados pelo Guardian se enquadrem propriamente na categoria apocalíptica. Já o físico Paulo Artaxo, da USP, espera que a alteração no discurso traga consequências políticas. “Os governos tendem a agir mais rapidamente quando ameaçados pelo pânico.”

Em Brasília, no entanto, o pânico não parece ter chegado. Em vez de discutir se deve adotar a expressão “crise” ou “mudança climática”, o governo Bolsonaro preferiu simplesmente suprimir o assunto do organograma formal dos ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores. A ciência do aquecimento global está em baixa também no Legislativo: em maio, o Senado promoveu uma audiência com pesquisadores brasileiros que contestam a existência do fenômeno, na contramão do que sustentam praticamente todos os cientistas que publicam estudos sobre o tema. Esses contestadores também foram objeto da mudança editorial do Guardian: se antes eram chamados de “céticos do clima”, agora o jornal recomenda tratá-los por “negacionistas da ciência climática”.

 

Bernardo Esteves
Bernardo Esteves

Repórter da piauí, é autor do livro Domingo É Dia de Ciência (Azougue Editorial)

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