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    CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2023

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Depois da barbárie

Restauradores do Senado recolhem os cacos da destruição bolsonarista

Luigi Mazza | Edição 197, Fevereiro 2023

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“Posso dar uma espiada?”, perguntou Urbano Villela Neto. Andando lentamente, com os braços cruzados à frente do corpo, ele se aproximou dos quadros na parede. “Nossa… que coisa triste.” Diante dele, uma extensa galeria com 69 retratos de ex-­presidentes do Senado pintados a óleo. A última fileira, com os quadros mais recentes, havia sido massacrada. Quatro retratos estavam rasgados: dois de Renan Calheiros (que presidiu a Casa em duas ocasiões), um de José Sarney e um de Ramez Tebet. Os cortes eram sempre no rosto dos senadores. Outro retrato de Sarney (que ocupou o cargo três vezes) havia sido apenas borrado.

Villela Neto já tinha visto, na imprensa, as imagens do estrago. Mas quis conferir pessoalmente. Os 69 retratos são obra de seu pai, o artista Urbano Villela. As depredações foram feitas pela turba bolsonarista que invadiu a Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. “Meu pai ficou demolido naquele dia. Chegou a chorar. A percepção do artista é diferente da nossa”, disse Villela Neto, que administra o ateliê do pai, hoje com 80 anos. O Museu Histórico do Senado Federal, onde ficam expostas as pinturas, está em frente à rampa do Congresso, invadido pela multidão golpista.

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