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Dos átomos ao Itamaraty

Um diplomata especializado em física nuclear

Rodrigo Simon | Edição 170, Novembro 2020

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Os convidados se apressavam para encontrar um lugar numa das salas do campus da Universidade Princeton, nos Estados Unidos. Entrou o antropólogo brasileiro João Biehl, radicado há trinta anos nos Estados Unidos, professor titular da universidade encarregado de apresentar o conferencista à plateia formada por pessoas de várias nacionalidades.

“Doutor em física nuclear pela Universidade de Manchester, na Inglaterra; pesquisador no CERN, o maior laboratório de física de partículas do mundo, em Genebra, na Suíça; pós-doutor pelo Laboratório Nacional de Física de Partículas do Canadá; por fim, membro do corpo diplomático brasileiro. Uau, muito bom”, disse Biehl, em inglês. E voltou-se para o convidado, Ernesto Batista Mané Júnior, que sorria discretamente, em um misto de timidez e orgulho.

Biehl não apresentou o currículo completo. Faltou dizer que Mané Júnior era o primeiro brasileiro a ser aceito como pesquisador visitante no Programa de Ciência e Segurança Global da Escola de Relações Públicas e Internacionais de Princeton. Até junho deste ano, ele trabalhou no programa, onde também foi a primeira pessoa a reunir no currículo a física e a diplomacia, fato que encheu os olhos do departamento que há meio século desenvolve pesquisas na área de desarmamento e não proliferação nuclear.

 

Aos 37 anos, o paraibano de João Pessoa já se acostumou a ver a admiração que sua reluzente carreira faz brotar no rosto dos interlocutores, mesmo em um ambiente recheado de estrelas das ciências, como o de Princeton. Além disso, era um dos poucos negros dessa universidade, onde apenas 1% dos pós-doutorandos são afrodescendentes.

A situação não é muito diferente no Itamaraty. Segundo Mané Júnior, o número de diplomatas brasileiros negros hoje não deve passar de 60 num universo de aproximadamente 1,6 mil. Ou seja, eles são cerca de 4% do total. “Mas o Ministério das Relações Exteriores nunca concluiu um censo racial, esse é o problema”, afirma. “Ainda há poucos diplomatas negros, o que é sintomático de séculos de exclusão sistemática em espaços percebidos como de destaque.”

Ele nunca recorreu a qualquer sistema de cotas raciais em sua carreira universitária, exceção feita no momento em que pensou em entrar para o Itamaraty. “Sou completamente a favor das políticas de ação afirmativa em todas as suas dimensões: reconhecimento, justiça e reparação”, diz o pesquisador que teve, ele próprio, o destino traçado por uma iniciativa pública criada nos anos 1960 para tornar o Brasil uma referência acadêmica entre os países em desenvolvimento.

 

Seu pai, Ernesto Batista Mané, nasceu na pequena São Domingos, na Guiné-Bissau, e se mudou para João Pessoa graças a um programa do governo brasileiro que financiava a vinda de estudantes estrangeiros que quisessem cursar o ensino superior no país. Estudante de economia, o guineense se casou com a colega brasileira Solange Porto e teve seis filhos. Para continuar seus estudos, mudou-se para São Paulo. Mané Júnior viveu seus primeiros anos no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), onde toda a sua família morou durante uma década em um apartamento de 40 m2.

Mané Júnior fez sua graduação em física na Universidade Federal da Paraíba. Ainda não tinha terminado o curso, quando, em 2003, decidiu ir para a Inglaterra fazer um ano letivo no Departamento de Física e Astronomia da Universidade de Manchester. O esforço por intercalar o estudo com o trabalho de garçom em eventos foi recompensado com o convite para realizar o doutorado na mesma escola, na área de física nuclear.

“Fizemos de tudo para financiar sua vinda, pois sabíamos que era perfeito para o projeto no qual estávamos embarcando”, diz o físico Jonathan Billowes. Professor em Manchester, ele era na época chefe de um grupo que estava iniciando em Genebra um projeto – ao qual Mané Júnior se juntaria – no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (que, embora tenha mudado de nome para Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, ainda é conhecido pela antiga sigla em francês, CERN).

 

 

Depois do doutorado, em 2009, Mané Júnior passou três anos no Centro Canadense de Aceleração de Partículas, o Triumf, em Vancouver. Foi quando a saudade de casa apertou e, em 2012, ele decidiu voltar ao Brasil. “O país estava passando por um momento excepcional, e muitos brasileiros que moravam no exterior queriam retornar e fazer parte dessa transformação”, diz.

A experiência como cientista fez com que percebesse que a tendência seria ele se especializar cada vez mais em sua área de conhecimento, desviando-se de outros objetivos intelectuais. “Mas eu queria ter mais liberdade para explorar outros domínios do conhecimento, inacessíveis nas estruturas rígidas das universidades.” Com domínio do inglês, do espanhol, do francês e do alemão, a carreira diplomática lhe pareceu uma escolha tentadora para escapar das amarras acadêmicas.

Com o objetivo de ampliar as chances de ingresso de negros na carreira diplomática, desde 2002 o Itamaraty oferece uma bolsa-prêmio de custeio de estudos preparatórios para o concurso de admissão à carreira diplomática. Pela primeira vez na vida, Mané Júnior lançou mão de uma política de ação afirmativa, recorrendo à bolsa. Dois anos depois, fez a prova do Itamaraty e foi aprovado em quarto lugar. Tomou posse em meados de 2014, no mesmo dia em que seu pai foi cremado. Atualmente, atua como segundo-secretário no Departamento de Nações Unidas do Ministério do Exterior, em Brasília.

Pouco antes da formatura, Mané Júnior desfez-se dos longos dreadlocks que o haviam acompanhado durante todo o curso preparatório. Ao vê-lo com o novo visual, um renomado embaixador não escondeu o entusiasmo: “Agora, sim, você está parecendo um diplomata.” Mané Júnior prometeu a si mesmo que um dia retomaria o antigo visual.

Em Princeton, Mané Júnior desenvolveu estudos que podem ajudar a substituir o urânio altamente enriquecido, combustível utilizado nos submarinos nucleares e na construção de bombas nucleares, por outro, de baixo enriquecimento e menos perigoso. Naquela tarde de março na universidade, no entanto, sua palestra deixou de lado a física nuclear. Ele preferiu tratar de um tema menos acadêmico: “Cooperação e conflito dentro e fora da roda de capoeira.” A audiência adorou.

Rodrigo Simon

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