cartas_Picos, Rubiataba, Forquilhinha
| Edição 42, Março 2010
ZAMARIOLA
Foi emocionante saber da luta destes jovens advogados (“Zamariola sai do casulo”, piauí_41, fevereiro 2010). Nos fez mais otimistas e confiantes no futuro de nosso país. Certamente o menino ficará melhor com o pai. Este poderá, diferentemente do que fizeram com ele, realizar os ajustes necessários para que o garoto e seus familiares brasileiros mantenham contato.
MARIA APARECIDA DE CASTRO_RIO DE JANEIRO/RJ
É lamentável que seja preciso ficar fazendo plantão 24 horas e pressionando o STF para conseguir uma sentença. Mais lamentável ainda constatar que, se não houvesse tanto dinheiro governamental em jogo, o mais provável é que a parte de sobrenome mais pomposo e influente acabasse ganhando a causa. Falta um longo caminho para que a nossa Justiça encontre enfim a dignidade.
SUSANA VIDAL_SÃO PAULO/SP
Vivas ao jovem Zamariola pelo brilhantismo e integridade. Aos sócios também. São jovens assim que me dão força para continuar a acreditar no Brasil. Para mim, ler a reportagem foi como assistir a um filme.
MAGDA N. MELLO ZANCHETTA_SÃO PAULO/SP
A reportagem desvendou os bastidores do chamado “Caso Sean”, prestando grande serviço público ao revelar o extenso envolvimento de personagens e autoridades estrangeiras em procedimento judicial no Brasil. Ou seja: fica definitivamente claro que houve tentativa real de pautar a Justiça brasileira. No entanto, seja na reunião havida na Procuradoria Regional da AGU, no Rio de Janeiro, seja naquilo que ocorreu dentro do consulado americano, na manhã do dia 24 de dezembro de 2009, o signatário, como personagem dos eventos, desautoriza o relato em tudo aquilo que pertine a sua participação. Quaisquer referências que os advogados de David Goldman fazem a falas do signatário não têm sustentação. Os fatos descritos em relação ao ocorrido no interior do consulado americano, especialmente no tocante às falas do signatário, colocadas entre aspas, representam malévola distorção por parte de quem as informou à jornalista.
A questão judicial ainda não terminou e portanto, neste momento, ninguém ainda pode se considerar vitorioso. A decisão do ministro Gilmar Mendes é provisória, proferida durante o recesso do Judiciário, sujeita portanto ao exame pelo Plenário do STF. E, mais, a decisão do Tribunal Federal do Rio de Janeiro está sujeita a recurso ao Superior Tribunal de Justiça, que poderá revertê-la totalmente.
SERGIO TOSTES_RIO DE JANEIRO/RJ
NOTA DA REDAÇÃO: Os fatos ocorridos no consulado americano e durante a reunião na Procuradoria Regional do Rio de Janeiro foram confirmados por testemunhas fidedignas.
O caso do Sean Goldman me fez lembrar o menino cubano Elián González. Após a tentativa frustrada da mãe, que morreu ao tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, com o menino, e sem autorização do marido, Elián foi “sequestrado” pelos tios e avós maternos em solo americano. Negaram assim ao pai que ficara em Cuba o direito de viver com o filho. A saga desse menino, que retornou aos braços do pai após decisão surpreendente da attorney general (cargo equivalente a ministro da Justiça) Janet Reno, foi uma verdadeira lição. Lição de democracia e independência de Poderes, pois a despeito do caráter político das relações cubano-americanas a Justiça prevaleceu, com a devolução do menino ao pai. Naquele ano, O Globo prestou devida homenagem ao cubano Juan González no Dia dos Pais: “Envie uma mensagem ao melhor pai do mundo.”
FERNANDO CHAGAS DE ARAUJO TEIXEIRA_RIO DE JANEIRO/RJ
ZILDA ARNS
Como forquilhense de criação e criciumense de registro, não pude deixar de me emocionar com a Despedida sobre Zilda Arns (“Fusão invencível”, piauí_41, fevereiro 2010). Tudo foi muito surreal na cidade; da noite para o dia, todos ficaram órfãos. Na semana seguinte à sua morte, minha tia mostrara uma foto onde ela, Zilda e outras dezenas de meninas da congregação Filhas de Maria posavam em frente ao convento de Forquilhinha. As tranças típicas de Zilda facilitam destacá-la dentre as demais, bem como suas irmãs que também tinham o mesmo penteado. A realidade dela foi similar a dos outros imigrantes da cidade, inclusive dos meus avós. Não resta dúvida de que o Brasil perdeu uma heroína, mas ganhou uma lição.
GEOVANA TISCOSCKI MARTINELLO_FORQUILHINHA/SC
Nas duas fotos vemos o olhar decidido, de quem sabe o que vai fazer da vida, e o sorriso aberto, muito lindo, que permaneceu no rosto, até o fim. Ela não morreu. Encantou.
IOLANDA GABRIELA DE OLIVEIRA AZEVEDO_SÃO JOÃO DA BOA VISTA/SP
A reportagem sobre Zilda Arns, com 27 anos à frente da Pastoral da Criança, serve como exemplo de que família, disciplina, religião e educação são os quatro alicerces da vida. Como jornalista e enfermeira, sou testemunha de como a multimistura, alimento nutritivo e simples de fazer, ajudou muitas crianças da periferia a saírem da situação de risco. O melhor: nem era necessário investir rios de dinheiro para que isso funcionasse.
ELIETE MARTINS BUENO E SILVA_SÃO PAULO/SP
PÊSAMES
Meus inconsoláveis pêsames pelas críticas de leitores que se queixaram do portfólio imaginário (“O progresso avança pelo asfalto”, piauí_39, dezembro 2009). O leitor brasileiro, filho do carbono e do amoníaco, sobrinho-neto de Machado, persiste impermeável à ironia? É muito triste. Mais explícito do que isso, só se vocês inserissem um infográfico mostrando como, sobre um rio Sena pavimentado e engarrafado, a água correria com mais vazão e fluidez após quarenta dias de chuva forte.
DIOGO CARVALHO_BRASÍLIA/DF
REGISTRO
Me chamem de ingênuo, mas eu acreditava piamente que vocês faziam uma apuração séria para todas as suas matérias. A confiança sofreu um abalo considerável quando li no perfil de GOG (“Soco, sufoco e fogo no gogó de GOG”, piauí_41, fevereiro 2010) que o local onde o rapper se apresentou por aqui ficava na periferia. Não é bairrismo, não me senti ofendido, apenas quero registrar o erro de informação. Por critério algum a Praça da Paz, no bairro dos Bancários, pode ser considerada zona periférica. Será que Luiz Maklouf Carvalho apenas deduziu o contrário, por se tratar de um show de rap, num “lugar pobre” e “precário”? Prefiro acreditar que não.
BRUNO R LEITE_JOÃO PESSOA/PB
NOTA DA REDAÇÃO: Acredite piamente que se tratou de um erro periférico.
DIÁRIO ANORÉXICO
Esqueço menino na escola, deixo o feijão queimar, coloco o marido de molho, mas tenho que ler a revista no dia em que ela me chega. Não gosto muito de matérias “gringas” traduzidas e com pouca pertinência “brazuca”. Adoro os perfis, tanto pelos retratados como pela “elegância'”de seus retratadores. Vivas especiais ao de Dilma Rousseff, Marina Silva e Zilda Arns. Mas o diário do mês passado (“Parece que falta oxigênio no ar”, piauí_41, fevereiro 2010), ninguém merece. Tudo bem com a alteridade da visão de um nordestino em São Paulo, com a licença poética de sua condição e até mesmo com a importância desse documento histórico sobre o período. Mas quase cinco páginas de descrições de refeições ficou parecendo uma agenda de modelo anoréxica, contabilizando tudo que entra numa lista de bananas e pão com ovo. Sou pobre e deixo de passear no domingo para pagar a assinatura.
KARITHA PARREIRA DE PAULA_RUBIATABA/GO
SEM-CELULAR
Desde que vim encarar essa vida de labuta na Terra da Garoa, vulgo São Paulo, tornei-me uma “com-celular” (“Os sem-celular”, piauí_41, fevereiro 2010). A única coisa que ele fez por mim foi deixar os meus 17 anos mais púberes. Revoltei-me ainda mais agora que descobri que uma ligação de orelhão é oito vezes mais barata. Se eu jogar meu celular fora posso fazer parte do grêmio? (E digam para a Vanessa que ela é Bárbara).
ADRIANA NIRENIV_SÃO PAULO/SP
Quero me inscrever na cadeira 38 do Grêmio Pan-americano de Repúdio ao Celular. Sou músico, pai de uma adolescente e, apesar de toda essa “carga”, não sinto necessidade alguma de usar um celular. Nunca usei e acho que nunca usarei por todos os motivos citados na matéria. O nome do próximo disco que estou gravando com a minha banda, que se chama Dândi, é justamente Tu Tá Onde?, expressão que, associada a Where are you?, é genitora das palavras mais pronunciadas no globo nos últimos anos. Ridículo!
VALDERICO BARROS (O DERICO, VOCALISTA DA DÂNDI)_PICOS/PI
PUXÃO DE ORELHA?
A matéria sobre o Choque de Ordem foi ótima (“Dilma contra o choque de ordem”, piauí_40, janeiro 2010). Sobretudo por expor o esquema indisfarçável dos “donos da praia” extorquindo os que trabalham nela. Agora vejo carta da senhôura Ana Carvalho, assessora de imprensa da Secretaria de Obras Públicas – como são importantes, e por consequência, prepotentes, essas pessoas! – passar uma espinafração e vocês… nada! “A municipalidade não se mete nas relações comerciais…” – Onde? Que país? Que planeta?
RAFAEL FONSECA_RIO DE JANEIRO/RJ
ALLAN SIEBER
Os quadrinhos de Allan Sieber (“O homem de cabeça de papelão”, piauí_41, fevereiro 2010), de tão contundentes, me deram náusea. Pobres (?) de nós homens e mulheres, filhos do país que se chama Sol. Li esse quadrinho na sexta-feira cedinho, véspera do Santo Carnaval no país do Sol. Vesti minha cabeça “meio papelão, meio cabeça de alta precisão” e… comecei a trabalhar. Bendito João do Rio, que o Universo o tenha. Amém!
SANDRA C. V. OLIVIERI_SÃO PAULO/SP