Nosso pinguim existe e estuda em Maricá
| Edição 72, Setembro 2012
USP
Com referência às afirmativas feitas pela revista sobre minha vida particular (“Rodas em ação”, piauí_71, agosto), prefiro não fazer qualquer retificação. Somente pronunciar-me-ei sobre dois aspectos. De minha parte, não me considero desafeto do professor Salomão Shecaira, em quem reconheço um militante em busca de seu nicho. Em segundo lugar, não corresponde à verdade a afirmação de citado professor de que a mudança da biblioteca foi paga pelo Santander em troca de uma agência na rua Senador Feijó, pois o referido banco já possuía tal agência, em virtude de ter adquirido o Banco Real. Como é sabido, mesmo tendo sido desapropriado o imóvel, a agência bancária existente, por servir ao público, não pode ser descontinuada abruptamente. Após um período, ela o foi, encontrando-se o local vazio há cerca de um ano e meio.
JOÃO GRANDINO RODAS, REITOR DA USP_SÃO PAULO/SP
NOTA DA REDAÇÃO: O acordo do reitor foi pela manutenção da agência no local, e não por sua instalação, como afirmou incorretamente a reportagem.
Querida piauí, um de meus professores da faculdade de jornalismo destacava, a todo o tempo, o trabalho de vocês. Decidi assinar a revista. A última edição (piauí_71, agosto) é apenas a segunda que recebo e preciso dizer: é muito amor! Matérias tão bem elaboradas como “Rodas em ação”, de Paula Scarpin, mostram que um jornalismo íntegro e imparcial é possível. Por certo, acabei por respeitar esta repórter. E o Rodas, quase.
ALINE SANTOS_SÃO LEOPOLDO/RS
DOAÇÕES, VAIDADES
Considero acertada e sobretudo nobre a decisão da família do banqueiro Pedro Conde de buscar no Judiciário a devolução de doação feita em favor da Faculdade de Direito da USP, e empregada na reforma de uma das salas de aula daquela instituição.
Considero-a acertada por claramente tratar-se de doação a título oneroso, havendo a nova direção da faculdade e seus alunos (ambas as categorias acometidas de “exacerbada autoestima”, segundo juízo do próprio reitor da universidade, na reportagem “Rodas em ação”, piauí_71, agosto) se recusado a cumprir a contrapartida que lhes era devida: batizar a sala com o nome do vaidoso banqueiro (que jamais lecionara na faculdade) e nela manter um quadro que o retratasse.
Considero nobre a decisão da família de Pedro Conde sobretudo se atentarmos para o fato de que um ex-aluno da Faculdade de Direito, Raduan Nassar, tentou em vão doar à USP, entre 2007 e 2009, em sistema de “porteira fechada”, propriedade agrícola produtiva avaliada em mais de 20 milhões de reais.
Ora, se Nassar, que não é banqueiro e nem sequer tem diploma das veneradas Arcadas (fato que, fique claro, não serviu para curá-lo da “exacerbada autoestima” que, segundo o reitor, acomete a todos nós, ex-alunos do Largo São Francisco), pode se arrogar o direito de onerar um simples contrato de doação com exigências de muito maior monta, tais como fazer “questão de que o novo campus oferecesse cursos de graduação”, havendo a mesma USP declinado de tão incômoda oferta, por que não deveria a família do ilustre banqueiro exigir que se revogasse a doação mediante flagrante inexecução de encargo dos mais, por assim dizer, irrelevantes?
Correta está a USP. Errada está a UFSCar, que, após acatar – vejam só! – mais uma exigência de Nassar, a de que não desse publicidade a seu gesto (!), “pretende iniciar as atividades pedagógicas do novo campus em 2013”, como se lê na reportagem de Rafael Cariello (“Depois da lavoura”, piauí_70, julho).
Correta está a família do venerando banqueiro ao fazer valer seus mais briosos direitos: o batismo da sala, o rosto de Conde emoldurado numa parede. Errado está Nassar, que, ao “entregar gratuitamente sua fazenda ao poder público”, teve que pagar, ainda assim, impostos no valor de 483 mil reais ao governo porque a operação assim exigia.
Ignóbeis são os alunos e professores de “autoestima exacerbada”, atribuindo ao reitor o título de persona non grata. Nobre é o jurista Rodas, que, no apagar das luzes do mandato como diretor das Arcadas, se presta a redigir ofício garantindo a ele mesmo, futuro reitor, usufruto exclusivo de tapetes persas doa-dos à faculdade pública por ele até então dirigida.
ERIKA VEIGA_SÃO PAULO/SP
A DOAÇÃO DA LAVOURA
Raduan Nassar (“Depois da lavoura”, piauí_70, julho) tem o direito (graças a Deus!) de fazer o que bem entender (pelo menos em alguns lugares). E foi (é) o que ele faz em sua trajetória! Se ele sempre agiu assim, por que seria diferente agora? Só porque agora envolve um patrimônio avaliado em 20 milhões? Que pobres são os homens!… “O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor…”
ADRIANA DE CAMARGO_MARINGÁ/PR
ANÚNCIOS
Um sentimento de frustração me invade. Abro a revista, com a qual convivo há longo tempo, e me deparo com nada menos que sete páginas de propaganda do governo federal. A inferência é imediata: a matéria principal da revista foca o mensalão mineiro, no momento em que a mais deplorável história de corrupção está sendo dissecada no STF e quando todos os artifícios estão postos a serviço do partido que escreveu esse triste roteiro
da vida nacional. O grau de credibilidade da revista talvez seja abalado pela aguçada percepção do leitor que sempre a teve em alta conta. Ou seria a subestimação da inteligência dos que brindaram a chegada da piauí ao mundo editorial?
FLEURYMAR DE SOUZA_APARECIDA DE GOIÂNIA/GO
WIKIPÉDIA
Apoio a mensagem do Lúcio Espírito Santo (“Cooperação conturbada”, piauí_70, julho), já que também passei pela mesma situação com a Wikipédia. Minha edição no artigo sobre a LOC, Liga Operária e Camponesa, foi revertida e ainda permanecem coisas que não correspondem à realidade. Um exemplo é o fato dessa organização não existir mais. Meu artigo sobre cooperativismo também foi editado e quase completamente revertido por um moderador. Coloquei em ambos artigos todas as fontes. Também concordo que não é possível falarmos em “stalinismo”, como faz a reportagem. Com certeza, Stálin teria punido esses indivíduos que se julgam superiores, picotando contribuições alheias. Além disso, o próprio termo em si é absurdo, já que ele nunca foi mais que um marxista-leninista, igual a Enver Hoxha e a Mao Tsé-tung.
RODRIGO SIEJA BERTIN_COTIA/SP
PIAUÍ
Minha avó, que sempre fora alegre e ativa, parece passar por um momento de séria depressão. Eu, estudante de psicologia, já não sabia mais o que fazer para tentar recuperar seu interesse pelo mundo. Foi quando tive a ideia de lhe apresentar a piauí. De início ela teve bastante dificuldade, mas, aos poucos, ganhou confiança. Quase cinco anos de faculdade não valeram algumas páginas da revista. Obrigado à piauí por nos ajudar a começar a virar essa página.
VITOR R. DORIA_RIO DE JANEIRO/RJ
ONDE ESTAVA DILMA?
Queria saber o que a Dilma fez nos dias 3, 20 e 24 de agosto. Lendo o Diário da Dilma (“Cavalo-marinho não puxa carroça”, piauí_71, agosto), notei que faltaram esses dias: Ela estava fazendo coisas impróprias ou a mãe dela não deixou que ela escrevesse…?
RENATO MORAIS_SÃO PAULO/SP
NOTA DA PRESIDÊNCIA: Meu querido, você acha que aquele topete fica em pé sozinho?
NO VERMELHO
Estou muito triste. Depois de acompanhar fielmente a piauí, que me cativou com sua corajosa matéria sobre o Supremo Tribunal Federal (“Data venia, o Supremo”, piauí_47, agosto 2010; “O Supremo, quousque tandem”, piauí_48, setembro 2010), terei de me despedir. Não tenho mais como aportar recursos para essa publicação e, depois de ver o artigo da Fernanda Torres na Folha de S.Paulo dizendo como vocês operavam no vermelho, minha cara de pau não iria chegar ao cúmulo de pedir edições gratuitas. Saibam que pretendo voltar um dia. Se Deus quiser, daqui para o ano que vem vou poder colaborar novamente. Espero que vocês ainda estejam vivos e operantes.
LUCAS ALVES_FORTALEZA/CE
NOTA DA REDAÇÃO: Contamos com você, Lucas. Veja se sai logo do vermelho.
PINGUIM
Escrevo para comprovarem que, afinal, o vosso pinguim existe!!! E está em Maricá (RJ), numa sala de aula 🙂
(Nenhum animal foi ferido durante a fotografia. Não existe qualquer tratamento de Photoshop na mesma.)
RITA PESTANA_MARICÁ/RJ
NOTA DA REDAÇÃO: Rita, devolva nosso pinguim! Ou nossa consciência ambiental nos obrigará a denunciar-te ao Ibama.
CONSÓRCIO NO PLANALTO
Excepcional o retrato traçado pela jornalista Carol Pires do contraventor Carlinhos Cachoeira (“Doutor & professor”, piauí_70, julho). Relatou, com maestria e muita objetividade, a trajetória dessa instigante personalidade, que parece carregar no seu DNA o gosto pelos jogos de azar, herança do pai e do avô. Em Anápolis, sua cidade natal, iniciou sua carreira de empresário na indústria farmacêutica, ingressando nas atividades paternas ilegais ao explorar o jogo do bicho, estendendo seus tentáculos por Goiás afora, e, com uma visão de escala, imiscuiu-se na política com vista a ampliar seus negócios. E sua ambição, ao ingressar nesse mundo complexo, foi fatal e interrompeu a promissora carreira.
Como carioca, nascido no subúrbio de Bangu, lembro-me da figura emblemática de Castor de Andrade. Também tinha a contravenção nas veias, pois era filho do bicheiro Eusébio de Andrade, que dominava o jogo nas áreas próximas. Castor, formado em direito, assumiu os negócios do pai e transformou-se no maior contraventor do estado, estendendo sua influência em todos os meios sociais. Como atividade legal, presidia o Bangu Atlético Clube e a escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, além de cuidar do patrimônio herdado do pai, constituído de imóveis e fazendas. Em vez de se meter com a política, foi mais inteligente e abriu caminho utilizando o futebol e o samba.
DIRCEU LUIZ NATAL_RIO DE JANEIRO/RJ
HISTÓRIA MAIS TRISTE
Na reportagem de Boris Fausto, “Uma paixão de outrora” (piauí_70, julho), lá pelas tantas o autor se refere ao assassinato de Romilda por Moacyr Piza – seguido do suicídio deste –, como tendo “impacto que até então a cidade não conhecera”. É verdade que, com relação aos crimes passionais, seria até possível. Mas improvável que supere em nuances trágicas a triste história do senador Peixoto Gomide e sua filha, ambos mortos em 1906. Antes, portanto, do fato contado na matéria da revista.
É a história mais triste que conheço. As implicações e comentários seriam inúmeros, mas deixo que o estupefato paire no ar.
HEMETÉRIO RUFINO CARDOSO NETO_FORTALEZA/CE
SEM CARA FEIA
Onde vocês conseguiram tantos “panacas” para escrever esta maravilha? O humor brasileiro nunca foi tão bem representado. Meus parabéns. É mais fácil rir do que fazer cara feia, o bom humor exige menos fisicamente e mentalmente das pessoas.
LUIZ ADOLFO GROKE_ITAPAGIPE/MG
GENTILEZA, MA NON TROPPO
Muito bom o artigo “Gentileza em família” (piauí_70, julho): um relato sumário (inevitável pela restrição de espaço e complexidade do assunto), mas preciso das ideias de Haldane, Wilson e Hamilton, fundamentais para as teorias modernas de seleção natural. Artigos semelhantes são bem-vindos, principalmente considerando a parcimônia de jornalismo científico no Brasil.
Basta de confete: agora junto minha voz a comentários anteriores para expressar irritação em relação aos cartuns da revista. Em geral não são engraçados, nem profundos, nem espirituosos; expressam apenas narcisismos introspectivos e pseudointelectuais dos autores. Pura encheção de linguiça. Se é por falta de ideias, que tal o batido, mas nunca desgastado Calvin e Hobbes (porém sem cometer o barbarismo de traduzir o homônimo do filósofo inglês para “Haroldo”), ou o Bloom County dos anos 80? Ou ainda ressuscitar o excelente J. Carlos para as gerações atuais? A irmandade pós-modernista pode torcer o nariz para estas opções nada “neocontextuais” ou “transgressivas”, mas a revista se tornaria mais atraente para nós da arraia-miúda.
ATHAYDE TONHASCA JR._BIRNAM/ESCÓCIA
LITERATURA
Acompanho sempre os textos de ficção da piauí, mas “Fantasia” (piauí_71, agosto) estava entre os melhores que já vi. Não conhecia o chileno Alejandro Zambra, e essa foi outra boa surpresa. É muito bom poder ficar a par da nova literatura que está sendo feita na nossa vizinhança.
Alexandre de Paula_Rio de Janeiro/RJ
ŽIŽEK
O texto de John Gray sobre Žižek (“As visões violentas de Slavoj Žižek”, piauí_71, agosto) foi elucidativo. O problema é que Gray é Pondé e Pondé é Gray. No entanto, não se preocupem com o busto e a foto de Stálin no quarto do filósofo. É puro diversionismo do Žižek. Ele é um social-democrata neo-hippie a favor da “revolução neoliberal”. Ele não veio para comunicar, e sim para “trumbicar”: é um filósofo-Chacrinha, um esquerdista infantil, um “marxiano”.
LÚCIO EMÍLIO DO ESPÍRITO SANTO Jr._BOM DESPACHO/MG