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    A indígena Txai Suruí: para ela, a Conferência do Clima da ONU foi decepcionante. “Mais uma vez vimos as pessoas brancas do Norte global escolhendo nosso futuro e o futuro do mundo” CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL

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A nova cara do ativismo

Txai Suruí quer os povos indígenas no centro das decisões sobre a crise climática

Bernardo Esteves | Edição 183, Dezembro 2021

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No final dos anos 1990, a ativista Ivaneide Cardozo participou de uma manifestação na frente do palácio do governo em Porto Velho, capital de Rondônia. Os manifestantes cobravam a demarcação de terras indígenas e a expulsão de invasores que tinham ocupado suas reservas. Por um instante, Neidinha Suruí – como a indigenista é mais conhecida – perdeu de vista a filha Txai, que tinha então cerca de 5 anos e estava sempre ao seu lado nas passeatas. Encontrou a menina alguns metros à frente, ao lado de Eduardo Valverde, um político do PT apoiador da causa indígena que foi deputado federal por dois mandatos na década seguinte. De mão dada com Valverde e microfone em punho, Txai pedia que ele defendesse o direito das crianças. “Não sei o que ela entendia de demarcação de terras ou o que passou pela cabecinha dela com aquela idade”, disse Cardozo ao relembrar a cena numa entrevista à piauí. “Essa daí sempre foi uma ativista.”

Cardozo não se impressionou quando, duas décadas depois, sua filha apareceu na televisão falando em inglês, dirigindo-se ao premiê britânico Boris Johnson e a chefes de Estado de todo o mundo na abertura da COP26, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, realizada em novembro em Glasgow, no Reino Unido. Txai Suruí, uma estudante de direito de 24 anos, foi a única brasileira e a única representante dos povos originários a discursar na cerimônia. Ela reivindicou seu direito de participar da busca por uma saída para o aquecimento global. “Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui.”

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