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O agro é top?

    Fradim, o personagem cético e cínico criado por Henfil: a volta do Brasil ao mapa da fome pode ser explicada pela inflação dos alimentos, e o próprio agronegócio ajuda a encarecê-los CRÉDITO: HENFIL

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O agro é top?

Uma radiografia de tudo que o agronegócio não quer que você saiba

Marcos Emílio Gomes | Edição 192, Setembro 2022

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Em Sinop, Sorriso, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, todos eles municípios do Norte de Mato Grosso situados ao longo da BR-163, a expansão do agronegócio é tão evidente que transborda e modifica a vida da maioria dos moradores. Nessas cidades, com populações entre 50 mil e 150 mil habitantes, não é possível precisar se as bordas urbanas estão sendo corroídas pelas plantações ou se, ao contrário, as casas e os prédios avançam sobre os cultivos. Um contraditório deserto verde, sem gente e sem fauna, pontuado de silos que perfuram o céu, envolve e aperta as localidades, cujo crescimento indica o início de uma verticalização. Desfraldada em mastros e janelas, a bandeira do Brasil é onipresente e dá às cidades um clima permanente de Copa do Mundo – além de sinalizar a prevalência política do bolsonarismo em toda a região. Mas, mesmo no umbigo desse universo de abundância, há trechos onde nem tudo que viceja é verde-amarelo.

A rodovia, por exemplo, é um corredor de fumaça criado pelos caminhões, que vão deixando pelo caminho as sementes que vazam das carrocerias. Na área das cidades, a rodovia é emoldurada pela desarmonia arquitetônica de armazéns portentosos, revendas de implementos agrícolas, indústrias de beneficiamento, postos de combustível, oficinas e churrascarias de preço módico. Os pobres vivem em geral nos bairros atrás dos galpões periféricos, a Oeste da BR. Há décadas, são chamados e chamam a si mesmos de “maranhenses”. Os que vivem a Leste são empreendedores pioneiros, que desfrutam de ruas largas, comércio frenético e tapetes de grama imaculados nas áreas públicas. São os “gaúchos”, por sua origem sulista.

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