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    Os escritores precisam restabelecer a crença dos leitores na discussão com base em provas e fazer o que a ficção sempre fez bem: construir um entendimento do real entre o autor e o leitor CRÉDITO: COLORS_SAUL STEINBERG_1971_COLAGEM DE PAPEL COLORIDO COM AQUARELA, ÓLEO, LÁPIS DE COR E CARIMBO DE BORRACHA SOBRE PAPEL, 29 ¼ X 21 ¾ POLEGADAS. PUBLICADO NA CAPA DA REVISTA THE NEW YORKER DE 21 DE OUTUBRO DE 1972_CENTRO POMPIDOU, PARIS_DOAÇÃO DA FUNDAÇÃO SAUL STEINBERG © THE SAUL STEINBERG FOUNDATION/AUTVIS, BRASIL

questões literárias

O grau zero da linguagem

Como resistir às fake news

Salman Rushdie | Edição 141, Junho 2018

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“Que é isso? Estás louco?”, Falstaff pergunta ao príncipe em Henrique IV (Parte I) de Shakespeare. “A verdade não é a verdade?” A piada, claro, é que Falstaff vem mentindo descaradamente, e o príncipe está prestes a desmascará-lo.

Numa época como a atual, em que a própria realidade parece estar sob ataque por toda parte, a noção dúbia que Falstaff tem da verdade parece ser compartilhada por muitos líderes poderosos. Nos três países com os quais tenho me importado ao longo da vida – a Índia, o Reino Unido e os Estados Unidos –, com frequência falsidades criadas por interesse próprio são apresentadas como fatos, ao passo que à informação mais confiável confere-se a pecha de fake news. Os defensores do real, no entanto, na tentativa de conter a torrente de desinformação que nos inunda, muitas vezes incorrem no erro de engrandecer o passado, saudosos de uma época de ouro na qual a verdade era inconteste e universalmente aceita – e argumentam que precisamos retornar a esse bem-aventurado consenso.

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