cartas_piauivosky
| Edição 40, Janeiro 2010
ANTES DE COPULAR, ORAI
A posição de Bento XVI (Chegada, piauí_39, dezembro 2009) em relação ao divórcio nada tem a ver com sua posição sobre o sexo no casamento. Para o papa, o sexo no casamento pode ser um dos “vértices da natureza humana”, e que este “amor eros” é imprescindível para a preservação do casamento: o amor doação, que ele chama de “amor ágape”, não sobrevive sem o amor eros, do mesmo modo que este também não consegue ir adiante sem o amor ágape. Diz mais: ninguém é capaz de dizer o quanto de um ou de outro é a medida ideal para cada casal, pois tudo depende dos momentos, das vontades, dos insights… Isto está bem claro em sua segunda encíclica “Deus é amor”.
ROGÉRIO BRESSAN_SALINÓPOLIS/PA
Sinto um certo corporativismo em defesa das ovelhas mais conservadoras do catolicismo, para as quais a eterna súplica do perdão é sempre bem-vinda. Não é preciso ser discípulo de Frances Kissling para entender que existe tratamento VIP para uns e cadeira na geral do inferno para o rebanho menos dogmático.
JADIELSON ALEXANDRE DA SILVA_ARAPIRACA/AL
BARRETÃO
A reportagem sobre Barretão (“O pai de O Filho do Brasil”, piauí_39, dezembro 2009) está recheada de cascatas, nas quais o entrevistado é especialista. Há, também, uma informação que está um pouco longe da verdade: a de que ele é o “criador” da Lei do Audiovisual. A referida lei é apenas uma adaptação da Lei Rouanet, que, por sua vez, é uma adaptação da Lei Sarney. Na verdade, com a extinção da Embrafilme (autêntica “queima de arquivo” de créditos podres da empresa) o setor audiovisual ficou órfão de financiamentos. Em 1991, por solicitação do professor Rouanet, o Governo “restabeleceu os princípios da Lei 7505/86”, a qual passou a beneficiar todas as áreas da cultura. Veio, depois, a do Audiovisual, que é específica, mas difere muito pouco da original.
FRANCIS VALE_FORTALEZA/CE
TRISTEZA URBANA
Reflexões sobre uma grande cidade que, às vezes, se torna pequena.
No Diário da piauí_32, lê-se: “Sexta-feira, 13 de março – dia desses, atendi um cliente que não saía de casa fazia um ano. Mora na rua dos Pinheiros, próximo ao largo da Batata. Ele contou ter decidido não mais sair de casa: assinou uma tevê a cabo, uma internet banda larga e passa agora 24 horas por dia entre quatro paredes…”
Na Esquina da piauí_27: “‘Não seja bem-vindo.’ Estampada no capacho ao pé do apartamento 402 de um prédio na rua dos Pinheiros, em São Paulo. No início de 2006, duas decisões cruciais arremataram a criação do mundo ideal de Sebastião Godoy: a assinatura de uma banda larga e do pacote mais completo de tevê a cabo…”
FLÁVIO ELORZA_SÃO PAULO/SP
QUESTÕES CINEMATOGRÁFICAS
Gostaria de entender a lógica que determina que o excelente Terra Sonâmbula (piauí_39, dezembro 2009) seja exibido em apenas um cinema (na Zona Sul) e por apenas três semanas. Lamentável. Indiquei o filme a várias pessoas e no final de semana seguinte já não estava em cartaz.
HELENA MARIA DE SOUZA_RIO DE JANEIRO/RJ
CELSO PITTA
Quando secretário das Finanças de Paulo Maluf (“Um Judas da política”, piauí_39, dezembro 2009), o escândalo foi ele ter levantado empréstimo para pagamento de precatórios, mas que a prefeitura acabou utilizando em obras que ajudaram São Paulo a elegê-lo. A mesma estratégia foi usada pelo governador de Pernambuco, Miguel Arraes, que não chegou nem a ser acusado, pelo governador do Paraná, que foi inocentado pela Assembleia Legislativa, e provavelmente por outros menos conhecidos. O único a ser preso foi Celso Pitta, o que acabou inviabilizando sua gestão. Gostaria de informar que, em 1999, vi Celso Pitta viajando de São Paulo para Paris na classe executiva. E, em 27 de novembro de 2009, vi a vice-prefeita, Alda Marco Antonio, viajando de Paris para São Paulo na primeira classe. Uns são perseguidos; outros, como o Quércia, por exemplo, são esquecidos ou perdoados.
RONALDO JOSÉ NEVES DE CARVALHO_SÃO PAULO/SP
Seria muito mais interessante contar a história do Herbert Richers do que a de mais um medalhão da política pouco dotado de virtudes como Celso Pitta.
WAGNER NEDEL_PORTO ALEGRE/RS
PIAUIENSES
Estava lendo os excelentes textos da Esquina na piauí de dezembro e fiquei tão interessada em saber quem escreveu! Acho que textos dessa qualidade merecem uma autoria, por que não?
JACQUELINE FARID_RIO DE JANEIRO/RJ
NOTA DA REDAÇÃO: justamente para não saciar a curiosidade do leitor. E reforçar a fruição da leitura pelo texto, e não pela assinatura.
Quando vocês vão regularizar o caso da excelente Clara Becker? O Movimento dos Sem Carteira Assinada promete que não vai ficar um pé de laranja no pomar da cobertura da sua nababesca redação.
NOTA DA REDAÇÃO: A senhorita Becker, tão logo se aposse do canudo acadêmico, receberá uma carteira, assinada por todos os seus admiradores, na cobertura da redação, num open house à sombra das laranjeiras em flor. RSVP.
PAULO A. COUTINHO_RIO DE JANEIRO/RJ
CORAÇÃO BURGUÊS
Primeiro um tedioso passeio pelo espírito estudantil gaúcho, depois um perfil sobre o ex-ministro do presidente, depois um perfil sobre o cineasta do presidente e depois a história das cartas do presidente – tudo isso recheado com propagandas das estatais do presidente. A edição de dezembro da Piauivosky foi demais para o meu pequeno coração burguês.
TIAGO DIDIER_RECIFE/PE
Na página Temas & Reflexões (www.graphiaeditorial.wordpress.com), que debate o acordo ortográfico, está escrito: “Li na revista piauí 37, de outubro de 2009, a seguinte Nota da Redação: ‘Exauridos pelo combate, cheios de cicatrizes e circunflexos de guerra, rendemo-nos às regras da nova ortografia a partir desta edição. Derrotados, ao menos nos poupamos de ter de explicar, a cada mês, por que consideramos a reforma uma cretinice colossal.'”
Diante de adesão tão cheia de estilo fiquei aqui matutando. Quem pedia explicações cansativas à revista – os leitores, os anunciantes, os gramáticos? Por que a mídia brasileira se mostrou tão obediente à reforma, se o prazo legal para acatar as novas regras é de mais três anos, a contar de janeiro de 2009? Alguém na imprensa brasileira ainda se dispõe a desobedecer (enquanto pode) ou, pelo menos, a dar explicações?”
LUCIANA VIÉGAS_RIO DE JANEIRO/RJ
NOTA DA REDAÇÃO: não bastasse o embaralhamento de ideias que nossos textos frequentemente provocam, decidimos não confundir os leitores ainda mais com nossas birras e implicâncias vernáculas. O povo exige, piauí obedece (às vezes).