Portugal na Era Atômica
Uma coleção de livros com títulos involuntariamente tolos: A rola, Existe o inferno?, O porquê da vida e As taras do cavalo
Pedro Corrêa do Lago | Edição 4, Janeiro 2007
Em mais de vinte anos como bibliófilo, o colecionador Pedro Corrêa do Lago montou vários conjuntos de livros sérios, relevantes e valiosos. Um dos que mais o divertiu, no entanto, não tem valor algum. Garimpada nas prateleiras mais obscuras das centenas de bibliotecas que Corrêa do Lago pesquisou, a coleção se formou ao sabor das descobertas. Ela reúne quase trezentos livros. A graça está nos títulos das obras. Apesar de sérios, eles têm algo de absurdo (O ovo e seus aspectos), de reiteração oca (Lembranças que lembram), de incongruente com a ilustração (Manual de socorrismo), de pedante (Ensaio sobre a essência do ensaio) ou de francamente ridículo (Tentar perceber, manual lusitano de filosofia).
A seleção inclui clássicos como as memórias de um oficial de artilharia francês, Paul Lantier, publicadas pela Biblioteca do Exército com o sugestivo título de Minha Peça, e ilustradas com um canhão devidamente teso. Os livros médicos fornecem alguns dos títulos mais estapafúrdios, como A arte de conservar os dentes. Publicações regionais são enternecedoras na sua ingenuidade: A contribuição de Piracicaba na arte nacional e O impacto de Goiânia. Há títulos cujo humor nasce tão-somente da justaposição. A rola føde, por exemplo, junta a língua portuguesa com o dinamarquês.
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