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    CREDITO: CACO GALHARDO_2020

despedida

Superstições em xeque

De que adiantou usar branco na virada de 2019 para 2020?

Renato Terra | Edição 171, Dezembro 2020

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Pandemia. Ciclone-bomba no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. Cid Gomes com uma retroescavadeira no Ceará. Queimadas no Centro-Oeste e na Amazônia. Nuvem de gafanhotos. Ataque de pernilongos em São Paulo. Água contaminada no Rio de Janeiro. Apagão no Amapá. “E daí?” de Jair Bolsonaro. “A boiada” de Ricardo Salles. O mullet de Reinaldo Azevedo.

Inúmeros brasileiros atravessaram a última noite de 2019 vestidos de branco na esperança de trazer paz para o ano que se iniciava. Ou, pelo menos, um pouco mais de tranquilidade. Infelizmente, a expectativa logo se frustrou. O PIB nacional de 2020 também vai decepcionar boa parte dos que usaram amarelo no dia 31 de dezembro em busca de mais grana. Cuecas, calcinhas e ceroulas vermelhas foram igualmente brochantes para os solteiros à procura de amor, já que quase todos tiveram de se confinar a partir de março.

O ano que termina revelou-se um trem descarrilhado e atropelou tanto os brasileiros que comeram lentilha no Réveillon quanto os que apertaram uvas ou carregaram uma mala vazia com o propósito de atrair viagens. O péssimo humor de 2020 não poupou nem os tradicionais saltadores de três ondinhas, nem os desvairados que se lambuzaram com o suor extraído da axila de um bicho-preguiça abatido no Quirguistão.

A China tampouco gozou de destino melhor. O Ano-Novo por lá começou em 25 de janeiro. Àquela altura, o coronavírus já havia matado duas dúzias de chineses. Em consequência, a população passou as festas dentro de casa, mas o costume de entregar envelopes vermelhos com dinheiro para parentes e amigos pôde ser mantido. A cor, acreditam, afugenta espíritos malignos. Nos envelopes, a tradição recomenda colocar notas pares. As ímpares trariam má sorte. Como 2020 é par, os chineses esperavam muito dele. No entanto…

 

Em abril, o resto do mundo já amargava as dores da pandemia. Na Tailândia, as celebrações do Ano-Novo (ou Songkran), que se iniciariam no dia 13, foram canceladas. O evento normalmente provoca imensas aglomerações de tailandeses e turistas estrangeiros. Eles passam a tarde encharcando uns aos outros. Quem anda pelas calçadas dificilmente consegue driblar o jato d’água que sai de copos, baldes, cuias, arminhas de brinquedo ou mesmo da tromba de um elefante. O divertido ritual de purificação evoca a limpeza da alma, tão necessária na passagem de um ano para o outro.

Alguns vídeos que circulam pela internet contrapõem imagens de 2019 com as de 2020. Numa metade da tela, vê-se uma festança similar ao pujante Carnaval brasileiro: multidões fantasiadas marchando em blocos colossais, dançando, paquerando e – claro – molhando tudo. Do outro lado da tela, há somente ruas vazias. Por causa da quarentena, a cerimônia da água não rolou.

Em julho, a jornalista Hannah Beech, do New York Times, publicou uma reportagem com o título No One Knows What Thailand Is Doing Right, But So Far, It’s Working (Ninguém sabe o que a Tailândia está fazendo certo, mas até agora tem funcionado). No texto, a autora buscava explicações para o êxito do país no combate à pandemia. Seria o fato de a cultura local já prever certo distanciamento entre as pessoas? Seria a adoção precoce de máscaras faciais, combinada com um sistema robusto de assistência médica? Seria o estilo de vida ao ar livre de vários tailandeses ou os índices relativamente baixos de doenças preexistentes?

Segundo a matéria, Wiput Phoolcharoen, especialista em saúde pública da Universidade Chulalongkorn, pesquisou um surto de coronavírus em Pattani, no Sul da Tailândia. Ele observou que mais de 90% dos contaminados ficaram assintomáticos, uma taxa muito acima da normal. “O que decidimos estudar agora é o sistema imunológico da população”, afirmou.

Claro que o país sofreu os efeitos econômicos da crise sanitária. Ainda de acordo com o New York Times, o Fundo Monetário Internacional calcula que a economia de lá vai encolher pelo menos 6,5% neste ano. Já o Banco Mundial estima que mais de 8 milhões de tailandeses poderão perder o emprego ou a renda em 2020.

Os óbitos causados pela Covid-19, porém, continuam baixíssimos. Na segunda metade de novembro, a Tailândia, com 70 milhões de habitantes, registrava apenas sessenta mortes. Por que ninguém indagou se, no fundo, a blindagem dos tailandeses contra o vírus não decorreu da ausência de mandingas no Ano-Novo deles?

 

O fato é que 2020 colocou as superstições numa encruzilhada. Seriam todas inócuas? Pior: Se prestariam ao oposto daquilo que imaginamos? Pior ainda: Superstições trariam má sorte? Mistério…

Por via das dúvidas, aqui vai um conselho para o Réveillon que se aproxima: use uma camiseta com a inscrição “2020, eu sobrevivi”. Pode ser de qualquer cor – marrom, bege, roxa, preta. Menos branca, por favor.

Renato Terra
Renato Terra

É colunista da Folha de S.Paulo e diretor de Narciso em Férias e Uma Noite em 67. Publicou Diário da Dilma (Companhia das Letras)

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