Em 26 de dezembro de 1929, um dia depois do Natal, a jornalista Sylvia Serafim, então com 27 anos, matou o ilustrador Roberto Rodrigues, irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues, com um tiro na barriga. O assassinato aconteceu na redação do jornal Crítica, que pertencia à família Rodrigues. Com o crime, ela foi chamada de “adúltera infame”, de “vagabunda”, de “cadela” – não nas ruas, mas em artigos publicados em jornal.
Na edição de janeiro da piauí, Sergio Schargel, bisneto de Sylvia Serafim, reconta o crime em detalhes – mas seu texto não se encerra na história de um crime. Ele pergunta por que a versão segundo a qual Sylvia Serafim era uma tresloucada vem sendo aceita por quase um século, ainda que ela tenha sido absolvida pelo júri.
Uma dica: Serafim era uma mulher avançada para sua época. Dedicava-se ao jornalismo e às artes, simpatizava com o socialismo e com o movimento feminista. E ainda resolveu separar-se do marido, um médico conhecido, num caso que a imprensa conservadora tratou como um escândalo abominável.
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