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Nossa honey baby ou Baby, Baby, há quanto tempo…

Zelia Duncan | 04 maio 2011_20h01
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Outro dia alguém me mandou logo cedo um link do Youtube. Aliás, esse mundo maravilhoso do Youtube me fascina. Pelo menos musicalmente falando, que é o que mais me interessa. Então, ainda antes do café, me peguei com os olhos mareados, assistindo e, principalmente, tendo o super prazer de ouvir Baby Consuelo, em 1978, cantando “Tudo Blue”, de Pepeu, que aparece lindo, comandando a banda e Fausto Nilo, belísissimo poeta-letrista cearense, parceiro de Moraes Moreira e Geraldo Azevedo, entre muitos outros.

Oh, Baby, como Baby está expressiva, natural, cantando lindo. É simples, abre a boca e canta. Não existe esforço pra nada, está ali a cantora e seu ofício. Super afinada e musical. Baby é muito versátil com sua voz, com seu instrumento. Seus dons naturais relacionados com a música são muito fortes e inerentes a tudo. Carisma e musicalidade não se adquire nem com o tempo e isso ela sempre teve de sobra. Dá pra sentir sua criatividade fluindo enquanto canta. Uma relação íntima com a harmonia que a faz inclusive improvisar com facilidade.

Como nada é realmente por acaso, Baby foi a musa e integrante poderosa do arrebatador tesouro nacional, chamado Novos Baianos. Olho d’água de tantas fontes da Música Brasileira, nos deram, entre outros,  o álbum Acabou Chorare, sempre listado entre os dez mais importantes de nossa história e, pela revista americana Rolling Stone, “o maior de todos os tempos”.

Mais tarde, já em carreira solo, “Menino do Rio”, de Caetano Veloso, foi abertura de novela (Água Viva/Rede Globo). A  interpretação de Baby foi inesquecível e deixou sua marca pra sempre nessa melodia. Você sente a brisa da praia carioca enquanto ela canta suave, quase rouquinha, fotografando uma época mais uma vez.  A mesma coisa que já tinha feito em outros tempos, deslizando seu timbre límpido em “Farol da Barra”, (Galvão/Caetano Veloso). Baby, que é do Brasil, nos entrega o cheiro do mar da Bahia: “ como a luz bate nas águas…”.

Baby é uma mulher de crenças. Sempre expôs suas aventuras espirituais e arrebanhou galeras com seu carisma, sua loucura colorida e seu entusiasmo com as descobertas. Ela agora é pastora evangélica (popstora) e continua com os cabelos lindos, roxos, roupa preta e botas tipo plataforma, guerreira do apocalipse, como ela mesma brinca. Eu não sou religiosa, mas acho bonita a entrega de Baby, porque na verdade admiro demais seu talento e seu legado. Faz um tempo que não a vejo pessoalmente, mas convivemos um pouquinho numa época e uma das deliciosas surpresas da convivência, foi o fino humor. Dávamos risadas sonoras contando casos ou observando aquelas “bobagens importantes’, que os amigos têm em comum.

Sem querer ser bairrista e obviamente já sendo, somos conterrâneas, ela saiu de Niterói, pra ser do Brasil todo e sempre vai ser assim, alguém que chega pra ganhar o mundo…e ganha!

“Como é que Deus vai se mostrar pra gente, se a gente não der uma bombada?” (Baby do Brasil)

Baby é adorável até quando um tanto surreal  nas suas declarações, especialmente pra quem não vive num mundo vizinho ao dela. Eu me sinto vizinha na música e fico muito feliz e arrebatada por ter esse endereço próximo, esse ponto de contato. Amém? Sim, amém pro som que sai das cordas vocais abençoadas, para as letras, as performances, as risadas da minha , da sua, da nossa honey Baby do Brasil.

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