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O começo e o fim de Toulouse-Lautrec

| 18 dez 2012_17h10
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Trinta anos separam as duas folhas reproduzidas nesta página, a primeira e a última das cartas conhecidas escritas por um grande pintor francês.

A primeira foi assinada por uma criança de sete anos, na sequência de uma breve mensagem escrita por sua mãe e endereçada à sua madrinha em 1871.

A segunda é dirigida à sua mãe e foi escrita e assinada em 1901 por um homem de trinta e seis anos, prematuramente envelhecido e destruído pelo álcool, e que morreria poucas semanas mais tarde. Ambas são assinadas simplesmente “Henri”, nome de batismo do pintor que se tornou famoso por seu sobrenome composto, Toulouse-Lautrec.

Henri de Toulouse-Lautrec nasceu numa família nobre, herdeiro de um titulo de conde e foi o único dos grandes pintores impressionistas e pós-impressionistas com origens aristocráticas.

Em vida, fez de tudo para que isso fosse esquecido. Vítima de um mal congênito que reduziu suas pernas à metade do tamanho normal, Toulouse-Lautrec oferecia para seus contemporâneos o aspecto quase grotesco de um bobo da corte, acentuado por uma barba espessa e traços e lábios grossos.

Personalidade famosa da boemia parisiense dos anos 1880 e 1890, Lautrec era já uma figura quase mítica quando os inúmeros excessos o levaram a uma morte prematura. Tornou-se figura lendária nas décadas seguintes, quando seu extraordinário talento de pintor foi plenamente reconhecido, e seus quadros passaram a atingir preços recordes, constantemente procurados pelos maiores museus e colecionadores.

Sua figura e sua obra fascinaram várias gerações ao longo do século XX, e por volta de 1950 um americano, Herbert Schimmel, formulou, um projeto que parecia demasiado ambicioso: reunir toda a obra gráfica de Toulouse-Lautrec, procurando um exemplar de cada uma das centenas de gravuras e cartazes que realizou em sua curta, mas intensa vida.

A esse objetivo foi logo acrescido o de acumular o maior número de cartas originais escritas pelo artista. O resultado foi excepcional, pois em algumas décadas Schimmel e sua mulher adquiriram toda a obra gráfica do grande pintor, assim como mais de 300 mensagens assinadas por ele, o que os levou a empreender a publicação de toda sua correspondência conhecida (da qual os Schimmel possuíam mais da metade).

Pouco antes de sua morte, chegaram a anunciar a venda da coleção, em bloco, para uma universidade japonesa, mas o negócio não se concretizou.

A coleção Schimmel acabou dispersada num leilão realizado em Nova York em 2001. Foi nesse momento que atual detentor das cartas acima pode adquirir, numa mesma ocasião, a primeira e a última carta de Toulouse-Lautrec.

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