Na edição de julho, a piauí publica uma reportagem sobre o ocaso do governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro. Acossado pelas investigações de corrupção e órfão do bolsonarismo, Witzel também enfrenta acusações de ligações com a milícia. A reportagem mostra que o governador e o presidente Jair Bolsonaro, quando eram aliados, tentaram demitir o então chefe da Polícia Federal no Rio, e também traz um depoimento exclusivo do miliciano Orlando Oliveira Araújo, conhecido como Orlando Curicica, no qual ele denuncia os elos ocultos entre o governo fluminense e bandidos milicianos. Leia a seguir os pontos mais relevantes da reportagem de Allan de Abreu:
* Em abril de 2019, o então secretário da Polícia Civil, Marcus Vinicius Braga, reclamou ao governador Witzel que seus homens estavam sendo investigados pela Polícia Federal por suspeita de corrupção. Solidário com o secretário, Witzel recorreu ao presidente Bolsonaro e pediu a demissão do então superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi. Bolsonaro concordou com o pleito, pois já estava, ele mesmo, querendo a cabeça de Saadi. A troca só não feita na época por resistência do então ministro da Justiça, Sergio Moro. Saadi acabou sendo demitido em agosto, mas, neste caso, sem a influência do governador.
* Em depoimento ao Ministério Público Federal, Orlando Curicica acusa a cúpula das duas polícias do Rio de Janeiro, a Civil e a Militar, de ligações com bicheiros e milicianos. Suas principais acusações são:
- O secretário da Polícia Militar, coronel Rogério Figueredo de Lacerda, ganhava um mensalão do próprio Orlando Curicica quando comandava o 18º Batalhão da PM em Jacarepaguá. Na época, Figueredo de Lacerda recorria à ajuda de milicianos para combater o tráfico na área.
- Allan Turnowski, segundo na hierarquia da Polícia Civil, recebeu propina do bicheiro Rogério Andrade.
- O secretário da Polícia Civil, Marcus Vinicius Braga, que deixou o cargo no final de maio, pediu ajuda da milícia para prender traficantes na Zona Oeste.
*A piauí publica três levantamentos inéditos nos quais se constata que a polícia do Rio de Janeiro fez onze vezes mais operações em áreas controladas pelo narcotráfico do que em regiões de milícias. A taxa de letalidade policial é 21% menor nas regiões sob influência paramilitar. Na eleição de 2018, Witzel teve 12% mais votos nas áreas de milícia do que na média geral do Estado.
Acesse a íntegra da reportagem.