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O gênero brega

Na linha de frente deste “gênero”, pode-se colocar nomes como Carlos Alexandre (dos megahits Feiticeira e A Ciganinha); o genial Genival Santos, que tem entre seus sucessos a divertida Flagra; Carlos André (“eu hoje quebro esta mesa, se meu amor não chegar...”); José Ribeiro (“tens a beleza da rosa, uma das flores mais formosas...”); Maurício Reis, autoproclamado “o poeta do cravo branco”, dono do clássico Verônica; e mais Balthazar, Evaldo Freire, Adelino Nascimento, Bartô Galeno, etc (a lista é sem fim).

| 23 ago 2013_12h32
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Odair José, cujo último disco (último mesmo, segundo o próprio!) eu tive a honra e o prazer de produzir, costuma disparar frases geniais do alto de sua sabedoria de gente do povo. Frases como “brega não é gênero, nunca foi”. Apesar da minha admiração por sua incrível argúcia, neste caso sou obrigado a discordar do amigo poeta.

Para além de sua função de adjetivo que nomeia tudo o que é cafona, kitsch ou piegas, acho que brega é gênero sim, mas não um gênero no qual a obra de Odair se enquadre por exemplo. Afinal, este goiano de Morrinhos está mais para um autor de folk-rock caboclo, espécie de Willie Nelson, ou quem sabe um Johnny Cash (por que não?) do cerrado, guardadas as devidas proporções. Nem Waldick, mestre bolerista, estaria aqui enquadrado – embora ele deva ser a grande matriz disto que seria o “gênero brega”, segundo minha teoria de botequim. Tampouco Fernando Mendes, com seus beguines interioranos, de caráter ora social ora romântico. Nem Márcio Greyck, baladista primoroso, ou Gilliard, modinheiro dos bons. Nem Nilton César, nem Jerry Adriani, nem Paulo Sérgio, nem Agnaldo Timóteo, todos herdeiros do legado musical da jovem guarda.

Refiro-me a uma música que é mistura disso tudo acima citado, e que ainda leva em sua receita uma dose de Caribe e muito de Nordeste, quase um gênero nordestino. Uma música um tanto “lupicínica”, cujo tema obsessivo é o amor e suas tormentas – traições, abandono, fugas, casamentos interesseiros, prostituição, porres apaixonados e ressacas idem. Uma música feita por homens do povo para homens do povo, subcultural até a medula (e em toda a sua glória).

Na linha de frente deste “gênero”, pode-se colocar nomes como Carlos Alexandre (dos megahits Feiticeira e A Ciganinha); o genial Genival Santos, que tem entre seus sucessos a divertida Flagra; Carlos André (“eu hoje quebro esta mesa, se meu amor não chegar…”); José Ribeiro (“tens a beleza da rosa, uma das flores mais formosas…”); Maurício Reis, autoproclamado “o poeta do cravo branco”, dono do clássico Verônica; e mais Balthazar, Evaldo Freire, Adelino Nascimento, Bartô Galeno, etc (a lista é sem fim).

 

Mais da tese: o gênero ainda teria gerado um subgênero, o “brega dance”, de pegada mais dançante, com temperos do Pará e do Maranhão e até pitadas de disco music, cujos arautos são Alípio Martins, Carlos Santos, Raimundo Soldado, José Orlando, Betto Douglas e Beto Barbosa, dentre outros tantos. O som desses caras viria desembocar na lambada no fim dos anos 80, gerando uma febre cujo maior emblema foi o grupo Kaoma, com seu arrasa-quarteirão Chorando se Foi, versão de uma música lançada originalmente pelo grupo boliviano Los Kjarkas. Mas aí já é outro assunto.

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