O cientista político Miguel Lago analisa, na edição de fevereiro da piauí, os ataques ocorridos aos três poderes da República em Brasília, em 8 de janeiro. Para ele, esse evento marca uma nova etapa da gramática bolsonarista e um aprofundamento da violência política na sociedade brasileira.
Lago compara o que ocorreu com as manifestações de junho de 2013. Nessas, o sujeito político era a “multidão”. Em 8 de janeiro, o protagonista foi o “perfil” das redes sociais. No começo da década, as redes foram fundamentais para levar as pessoas às ruas. Nos ataques de 2023, as pessoas foram às ruas para levar mais pessoas aos seus perfis de rede social. Por isso, o 8 de janeiro entrará para a história brasileira como o primeiro evento “instagramável” da mobilização política.
Também há diferenças entre essa data e o 6 de janeiro norte-americano, quando o Congresso dos Estados Unidos foi invadido. Lá, houve reação das forças de segurança e enfrentamento. No Brasil, assistimos atônitos por quase três horas uma depredação sem qualquer intervenção da ordem. Isso significa que agentes públicos agiram como perfis, e não como militares no dia. A dinâmica das redes sociais é tão perversa que destrói até mesmo a hierarquia militar. Alguns militares hoje são perfis antes de serem militares.
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