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    Golpe dá muito trabalho: é de se perguntar se o novo tipo de intervenção militar, adequado ao século XXI, não seria o da insubordinação, do “deixa acontecer”, de permitir o caos CRÉDITO: BETO NEJME_2023

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Prendam os perfis!

O futuro do bolsonarismo depois da quebradeira

Miguel Lago | Edição 197, Fevereiro 2023

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Há quase dez anos, uma multidão avançou sobre a Praça dos Três Poderes e subiu no teto do Congresso Nacional. Foi no início da noite. As imagens desse acontecimento ficaram para sempre registradas. Quando olhamos as fotos, parece que as linhas e formas de Oscar Niemeyer estavam esperando o momento para compor com a multidão. Naquela noite, em nenhum momento se manifestou o poder destruidor que acompanha um volume importante de pessoas organizadas. A mensagem era: poderíamos entrar e quebrar tudo, poderíamos ocupar, mas estamos apenas demonstrando nosso potencial. O movimento foi um exercício de potência, não de força. A resposta, no entanto, não tardou: gás de pimenta, bomba, bala de borracha. Os manifestantes foram duramente reprimidos pela Polícia Militar de Brasília. Quase dez anos depois, ocorreu uma imagem parecida: uma multidão sobe no teto do Congresso, mas, dessa vez, invade um patrimônio da República para destruir tudo o que vê pela frente.

É tentador comparar Junho de 2013 com o 8 de janeiro de 2023, assim como também é irresistível traçar paralelos com o 6 de janeiro de 2021, quando militantes trumpistas invadiram o Capitólio, em Washington, na tentativa de impedir a diplomação de Joe Biden. Há paralelos importantes – que virão mais adiante neste texto – mas, desde já, é fundamental registrar que o 8 de janeiro é único, representa uma nova etapa da gramática bolsonarista e consiste num aprofundamento da violência política na sociedade brasileira. Daí que muito se tem falado sobre o enfraquecimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas os episódios de janeiro mais parecem um indício de que o bolsonarismo venceu.

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