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O grande amor de Churchill

Winston Churchill casou-se aos 33 anos com Clementine Hozier, com quem teve cinco filhos. Foram casados por 57 anos, mas seu primeiro grande amor chamava-se Pamela Plowden, uma jovem beldade da sociedade inglesa que Winston conheceu na Índia em Hyderabad, quanto acabava de completar 22 anos, em Novembro de 1896.

| 23 ago 2011_17h54
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Winston Churchill casou-se aos 33 anos com Clementine Hozier, com quem teve cinco filhos. Foram casados por 57 anos, mas seu primeiro grande amor chamava-se Pamela Plowden, uma jovem beldade da sociedade inglesa que Winston conheceu na Índia em Hyderabad, quanto acabava de completar 22 anos, em Novembro de 1896.

Pamela era filha de Sir Trevor Chichele-Plowden, principal autoridade inglesa da região, e Churchill, jovem militar, encantou-se pela beleza, charme e inteligência da jovem, mas logo teve que deixar a Índia pelo Egito, onde fora transferido pelo exército. A relação continuou tórrida, nas cartas apaixonadas que Winston mandava a Pamela no decorrer do ano seguinte, quando se consideravam informalmente noivos.

Apesar de prometer a Pamela numa carta de 1899: “Case comigo e conquistarei o mundo para pô-lo aos seus pés”, Churchill mostra na mesma carta que tinha plena consciência dos obstáculos à sua união: “Para que ocorra o casamento duas condições são necessárias: dinheiro e o acordo de ambas as partes. Uma dessas condições – e provavelmente as duas – estão ausentes”, dizia ele após o pai da noiva ter negado o consentimento.

Em 1902 Pamela casaria-se com o Conde de Lytton, filho de um vice-rei inglês na Índia. Seis anos mais tarde Churchill sentiu-se livre para fazer o mesmo com Clementine.

A carta reproduzida aqui data de quase sessenta anos após o primeiro encontro de Churchill e Pamela, quando o velho estadista já havia passado dos oitenta, e três meses antes havia deixado o cargo de Primeiro Ministro.

Pamela nunca deixou de ser a amiga mais próxima de Churchill ao longo das muitas décadas em que sobreviveram à sua paixão. Viam-se com alguma frequência e encontravam-se para longas conversas, mas de toda sua intensa correspondência restaram apenas 37 cartas – que os netos de Pamela leiloaram em 2003 por meio milhão de dólares.

Esta é das últimas cartas da correspondência. Foi escrita da famosa casa de campo de Churchill, Chartwell, em 30 de junho de 1955. A letra é um pouco tremida, pois a saúde do grande estadista começava a declinar, mesmo que Churchill tivesse ainda surpreendentes dez anos pela frente.

O velho ex-apaixonado saúda Pamela como “minha mais querida” e agradece por sua recente carta a respeito de uma homenagem prestada a ele algumas semanas antes:

“Deixei sua carta de lado quando a recebi – o que costumo fazer com as minhas mais importantes e estimadas comunicações, – mas,  como muitas vezes infelizmente acontece, uma coisa depois da outra impediu-me dia após dia de respondê-la, apesar de minha firme e renovada intenção de fazê-lo. Perdoe-me pois tenho querido lhe escrever todos estes dias e estou envergonhado de não tê-lo feito…

Estou ficando mais velho e agora ficam para trás as armadilhas do poder e da responsabilidade, e eu vou cambaleando pelas sombras da aposentadoria”.

Churchill refere-se em seguida à sua mulher pelo apelido familiar “Clemmie” e diz que ambos adorariam receber Pamela em sua casa. Termina com o parágrafo da carta onde sua letra é mais irregular:

“Esta carta tardia tem por objetivo levar-lhe todo meu amor e bons pensamentos. Por favor mande-me uma linha para me dizer como está, e perdoe o estúpido atraso daquele que é sempre seu amoroso e dedicado, Winston”.

Após seis décadas que poderiam ter passado juntos – se as circunstâncias tivessem decidido em seu favor – esta carta simboliza o carinho sereno que Churchill e Pamela sentiam um pelo outro no ocaso de suas vidas.

Sobre o envelope, Pamela escreveu “carta encantadora” e no verso, talvez para instruir seus herdeiros “o restante das cartas de Winston está na pasta de couro verde escuro”.  Menos de quarenta anos após a morte de Churchill e de Pamela, os herdeiros de seus herdeiros venderam todas as cartas.

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