Desde que Lula assumiu a Presidência da República e apresentou sua pauta econômica, a reforma tributária tornou-se uma questão de vida ou morte para Jair Bolsonaro. O assunto nunca despertou seu interesse pessoal, mas ele avaliava que sofreria um revés humilhante, caso o governo petista fosse capaz de construir um consenso mínimo no Congresso e ainda aprovar a reforma já no primeiro ano.
O sentimento de humilhação de Bolsonaro, segundo o relato de alguns de seus interlocutores, começou a tomar corpo no início de novembro, quando uma primeira versão da reforma passou no Senado – e o texto-base era aquele de autoria de Bernard Appy. Depois de um ano quase inteiro recluso em razão dos temores penais, Bolsonaro decidiu encerrar a quarentena.
A reforma tributária em sua versão definitiva foi aprovada em segundo turno na Câmara por 365 votos a 118, no dia 15 de dezembro. “Um fato histórico”, comemorou Lula. E Bolsonaro engoliu o sapo.
A convicção do ex-presidente, ainda segundo aqueles que o cercam, tem funcionado como uma evitação mental do que o futuro lhe reserva. Bolsonaro acredita que, de fato, acabará sendo preso por sua atuação golpista, mas acha que precisa mostrar dentes e músculos. Já foi alertado nos bastidores de que a delação de Mauro Cid, seu ajudante de ordens no governo, não deverá ter uma prova substancial que o coloque como artífice do 8 de janeiro, mas, mesmo assim, acha que será condenado porque seu caso está sendo avaliado por um “tribunal político”. Incensar a militância neste momento, portanto, é providencial.
Na edição de janeiro da piauí, a repórter Ana Clara Costa narra qual a tática do inelegível. Leia aqui o texto completo.